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11 de maio de 2011

Mensalão chega às Forças Armadas

Numa época em que o PT traz Delúbio de volta e Zé Dirceu domina o partido elegendo seu presidente, mesmo contra a vontade de Lula e Dilma Rousseff, a nomeação do 'mensaleiro' José Geuíno para alto cargo no Ministério da Defesa, além de uma inconcebível condecoração por serviços prestados às Forças Armadas, não é de se espantar que alguns militares estejam revoltados com esses acontecimentos.  Assim é que o Suboficial Reformado Euripedes Barbosa Ribeiro divulgou uma carta aberta que está circulando pela Internet, transcrita a seguir:

Sou militar há quarenta e um anos, trinta dos quais na ativa na Marinha do Brasil. Enverguei durante todo esse tempo, e com muito orgulho, o uniforme da gloriosa Armada. Sempre fui um militar disciplinado, correto e cumpridor dos meus deveres. Estive embarcado durante treze anos e não pude acompanhar, como gostaria, o crescimento e desenvolvimentos dos meus quatro filhos. Uma pesada tarefa que foi desempenhada com muito esforço e dedicação, quase que exclusivamente pela minha mulher. Fiz todos os cursos de carreira e recebi todas as promoções a ela inerentes, sempre por concurso e por merecimento. O meu conceito médio, ao final da carreira, numa escala de zero a cinco, foi cinco. E jamais sofri qualquer tipo de punição por qualquer tipo de infração aos Regulamentos e Códigos Militares. Fui várias vezes elogiado por meu desempenho profissional, e formei, como instrutor, centenas de outros profissionais, nos doze anos em que atuei no ensino. Paralelamente à carreira militar, consegui estudar e me formar em uma universidade. Não sem muito esforço e perseverança, aos quarenta e dois anos de idade. O que fiz, na minha vida militar ou civil, nada tem de excepcional. É isso o que faz a quase unanimidade dos militares. Fazemos o que aprendemos a fazer e ensinamos o que aprendemos. E esse processo ensino-aprendizagem baseia-se principalmente no exemplo: eu faço, você faz, nós fazemos. Até que você faça igual ou melhor do que eu.

Porque estou dizendo isso? Porque venho aqui fazer este breve retrospecto da minha vida como militar? Porque neste momento eu estou sentindo vergonha do que sou. Não tenho vergonha do que fui. Tenho vergonha do que sou, porque sou um militar que a partir do ultimo dia 10/03, tem como um dos seus comandantes, um cidadão que está indiciado no STF como criminoso, participante da quadrilha do capo Jose Dirceu, nominado pelo então Procurador Geral da República como “Chefe de uma Organização Criminosa”! Estou falando do Sr. José Genoino, que acaba de ser nomeado Assessor Especial (?) do Ministério da Defesa, e que em épocas não muito distantes pegou em armas contra as próprias Forças Armadas, em nome do seu ideal socialista. Isso é o de menos. E a Lei da Anistia, que estes mesmos elementos insistem em rever, já curou esta ferida. Estou falando é do homem José Genoino, que prevaricou como parlamentar e que foi rejeitado nas urnas pelo povo. Estou falando é de um homem ficha suja, que estará em posto de comando de homens a quem é exigida uma vida e comportamento exemplares e ficha limpa. É preciso que se saiba que uma simples contravenção disciplinar pode tirar uma promoção de um militar, prejudicando-o na carreira. Como se sentirá esse homem, sabendo que tem que prestar reverências a um cidadão indiciado como criminoso?

Sinceramente, não acredito que não haja outro nome que pudesse assumir essa função no Ministério da Defesa. Estaremos neste país, tão carentes de homens idôneos? Terá sido por isso que o Sr. João Paulo Cunha, outro indiciado no mesmo processo, tenha sido eleito para a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara? Não! Acho que é mesmo uma forma de afrontar a opinião pública e os militares. Isso certamente é ideia gerada na cabeça de alguns setores revanchistas, que permeiam este governo.

Me espanta o silêncio da cúpula militar. É certo que vivemos uma democracia, e que os militares devem ocupar-se exclusivamente das suas funções constitucionais. Mas a uma afronta, tão clara quanto esta, esperava-se algum tipo de manifestação. Não estou falando de uma renuncia coletiva dos Srs. comandantes, é querer demais. Mas de uma manifestação, qualquer que fosse, mas que demonstrasse descontentamento. Esse silêncio é motivo ainda maior da minha vergonha.

Euripedes Barbosa Ribeiro
Suboficial-EL(Ref)
Poeta e Escritor
Membro do Movimento Poetas del Mundo
Membro da Academia de Cultura da Bahia

Publicado no Recanto das Letras em 12/03/2011- Código do texto: T2843232

2 comentários:

  1. Que tristeza, caro Airton. Se para nos essa escolha de pessoas desclassificadas por esse governo e motivo de vergonha, imagine entao para o valoroso militar Euripedes Barbosa Ribeiro? Bom se a propria ocupante da Presidencia da Republica e uma "Ficha Suja" nao devemos nos surpreender com a contratacao dessas pessoas. Elas sao escolhidas por pertencerem a mesma casta de meliantes que grassa impunemente dentro do governo do nosso pais. Lamentavel sob todos os aspectos! Vergonha!

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  2. Orgulho e honra ao Exército Brasileiro, nas figuras da Marinha e Aeronáutica também! Fora com os marginais, fora com os bandoleiros! Brasileiros: direita volver!

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