O senador Antonio Carlos Valadares
(PSB-SE), líder do PSB no Senado Federal, publicou no site Congresso
em Foco o seguinte artigo defendendo a tese de uma eleição num só dia
para todos os cargos, como forma de tornar mais simples e muito menos
dispendioso todo processo eleitoral:
“Os candidatos, os partidos, o Estado e a sociedade são
chamados, no curto período de dois anos, a repetir todo um procedimento de
disputa que importa em despesas exorbitantes”
Sempre
que se discute o tema da reforma do sistema político e eleitoral brasileiro, a
coincidência geral das eleições é lembrada como uma medida que pode propiciar
uma grande contribuição ao propósito de reduzir os custos das campanhas
políticas e eleitorais.
Com
efeito, nos termos da vigente legislação eleitoral, os candidatos, os partidos,
o Estado e a sociedade são chamados, no curto período de dois anos, a repetir
todo um procedimento de disputa que importa em despesas exorbitantes.
Após
o período eleitoral, são recorrentes as reclamações de candidatos que se dizem
desencantados em disputar uma nova eleição devido às exigências financeiras a
que são obrigados a cumprir sob pena da inviabilização da conquista de um
mandato eletivo.
Tais
reclamações se tornam ainda mais alarmantes da parte de candidatos ou partidos
menos aquinhoados de recursos financeiros, os quais entram numa eleição para
enfrentarem uma luta desigual, o que enfraquece o sistema democrático
brasileiro.
Tudo
isso envolve gastos, que são custeados pelo poder público, candidatos, partidos
e pela sociedade, mediante impostos ou por meio de contribuições aos agentes
desse processo.
Ora,
a propósito do tema tão relevante que é o dos custos das campanhas eleitorais,
tem-se como saída a realização de um só pleito (eleições gerais), para a
escolha através do voto direto e secreto de todos os cargos eletivos, sejam
eles do Executivo ou do Legislativo, a nível federal, estadual ou municipal.
Esse
processo iria contribuir, sem dúvida alguma, não só para a redução dos custos
das campanhas, envolvendo partidos e candidatos, como facilitaria à Justiça
Eleitoral a organização dos pleitos, com menor carga de trabalho, podendo vir a
planejar em um período maior a execução de suas atividades. Ademais, com essa
providência a Justiça Eleitoral alcançará uma considerável diminuição dos
gastos públicos, o que é bom para um país como o Brasil, que possui ainda
tantas desigualdades e desafios a vencer.
Nesse
sentido, apresentei ao Senado Federal, com o apoio de 65 senadores e senadoras,
uma Proposta de Emenda à Constituição fixando eleições gerais para o ano de
2018, com coincidência de mandatos. Pela
proposta, em 2018 cada eleitor votará ao mesmo tempo para presidente,
governador, senador, deputado federal, deputado estadual, prefeito e vereador.
Se a
PEC for promulgada, o mandato dos prefeitos e vereadores eleitos em 2012 será
de quatro anos. No entanto, para haver a coincidência em 2018, o mandato dos
prefeitos e vereadores eleitos em 2016 será apenas de dois anos. De 2018
em diante, o mandato para os cargos eletivos terá a duração de quatro anos,
permitida a reeleição para os cargos de presidente, governadores e prefeitos
apenas uma vez.
A
coincidência de mandatos eletivos vai baratear os custos das campanhas
eleitorais, reduzir as despesas da Justiça Eleitoral e destravar projetos da
administração pública em todos os níveis - da União, dos estados e dos
municípios.
No
ano das eleições, o lançamento de novos projetos de obras fica travado pela
legislação, voltando à normalidade somente no ano seguinte. Em quatro anos,
temos quase dois anos perdidos, fora os gastos gerais de campanhas com a
Justiça Eleitoral, partidos e candidatos. É um dispêndio financeiro que poderá
ser evitado, transferindo o que for economizado para obras estruturantes e para
as áreas sociais, visando reduzir as desigualdades e a exclusão.
Pela
PEC, de acordo com a legislação eleitoral em vigor, o eleitor poderá votar até
seis vezes, dependendo se há uma ou duas vagas para o Senado. Ao invés de
digitar seis números, o eleitor vai digitar mais dois, um para prefeito
municipal e outro para vereador. Com a urna eletrônica, os eleitores não terão
qualquer dificuldade para votar.
Se a
proposta de lista preordenada for mesmo adotada, a facilidade será ainda muito
maior, uma vez que o eleitor só vai digitar o número do partido, onde está o
nome do candidato de sua preferência a presidente, governador, prefeito, deputado
federal, estadual e vereador.
É
preciso deixar claro que esta PEC não altera a duração dos mandatos do
presidente da República, nem dos governadores, que será de quatro anos, com
direito a uma reeleição, conforme estabelece a Constituição. Já os prefeitos,
continuarão com mandato de quatro anos, com direito a reeleição, sendo que
apenas os que forem eleitos em 2016 terão um mandato de dois anos, para que
aconteça a coincidência de mandatos em 2018. A partir deste ano, todos os
cargos executivos terão um mandato de quatro anos.
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