Depois do ENEM, mis uma mancada |
É mesmo para se estranhar que o Ministério da Educação
(MEC), através do Programa Nacional do Livro Didático, do próprio MEC,
tenha distribuído a 484.195 jovens e adultos, em 4.236 escolas, um livro com
erros gramaticais. Isso levou a Academia Brasileira de Letras (ABL) a divulgar
nota ontem na qual discorda da posição do MEC. A ABL diz que “estranha certas posições teóricas dos autores de livros que
chegam às mãos de alunos dos cursos Fundamental e Médio com a chancela do
Ministério da Educação”. E a ABL acrescenta: “O manual que o Ministério levou às nossas escolas não o
ajudará no empenho pela melhoria a que o Ministro tão justamente aspira”;
Conforme já foi amplamente divulgado, na obra ‘Por uma
vida melhor’, da coleção ‘Viver, aprender’, a professora Heloísa Ramos defende
uma suposta supremacia da linguagem oral sobre a linguagem escrita, admitindo a
troca dos conceitos “certo e errado” por “adequado ou inadequado”. É algo muito
estranho, uma vez que desde que se ensina Português nas escolas o principal
objetivo a fazer com que nossa língua seja falada e escrita da forma mais
correta possível. A autora do livro defende sua teoria afirmando: “Posso falar ‘os livro?’ Claro que pode, mas dependendo da
situação, a pessoa pode ser vítima de preconceito linguístico”. Mais
adiante Heloísa Ramos cita como válidas as frases: 'nós pega o peixe' e 'os
menino pega o peixe'. Não pode estar em seu juízo perfeito;
O MEC, por sua vez, disse em nota oficial que “o reconhecimento da variação linguística é condição
necessária para que os professores compreendam seu papel de formar cidadãos
capazes de usar a língua com flexibilidade, de acordo com as exigências da vida
e da sociedade”. O Ministério pondera ainda que a escola “deve propiciar aos alunos ambiente acolhedor no qual
variedades linguísticas sejam valorizadas e respeitadas”,
acrescentando: “Cabe à escola o papel de criar
situações de aprendizagens que possibilitem aos estudantes utilizar diversas
variedades linguísticas”. Já a autora do livro também ponderou que o
professor é capaz de ensinar qual linguagem é adequada em diferentes situações;
É impressionante que isso tenha ocorrido em pleno
mandato de uma presidente que possui reconhecido grau de cultura e de gosto
pela boa cultura. Nem Lula, que não estudou - isso porque não quis - e que
chegou à Presidência da República dando chutes nas canelas da Língua
Portuguesa, acabou por aprender a falar o mais corretamente possível, concordaria
com uma aberração dessas. E o que é pior: tudo isso foi feito com considerável
gasto de dinheiro público. Na realidade, depois das mancadas do MEC com o Enem,
ninguém admitia que a administração do ministro Haddad fosse capaz de se
superar na sua maratona de erros;
Para ser ver como andam as coisas no MEC, leia-se a nota
publicada hoje no site do jornalista Cláudio
Humberto:
Haddad envia funcionários a Comissão em seu lugar, e irrita os
senadores
Integrantes da Comissão de Educação do Senado se recusaram
nesta terça (17) a debater com três representantes do Ministério da Educação a
polêmica sobre livros aprovados pelo governo federal, que criticam a gestão do
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Os três foram à comissão para
substituir o ministro Fernando Haddad (Educação). "Eles não foram
convidados. Nós convidamos o ministro, ele aceitou, deveria ter tido a gentileza
de comparecer", disse o senador Roberto Requião (PMDB-PR), presidente da
comissão. A audiência acabou realizada com a presença apenas de Jorge
Yunes, presidente da Abrelivros (Associação Brasileira de Editoria de Livros
Escolares). Os três representantes do MEC aguardaram o final da audiência em
uma sala reservada. Uma das exigências do MEC para aprovar os livros é que não
haja doutrinação política nas obras utilizadas.
O problema dos livros com erros é muito grave. Seu comentário em P&V poderia ir além da opinião parcial d' O Globo e de um jornalista como Claudio Humberto, que nasceu para a mídia pelas mãos do Presidente Collor, triste memória.
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