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30 de novembro de 2010

Tem que haver também combate aos consumidores

Hoje o Rio de Janeiro comemora sua grande vitória na luta contra os traficantes de drogas que vinham dominando a Vila Cruzeiro e o Complexo do Alemão. Nos últimos dias, as ações que envolveram as polícias Civil e Militar do RJ, a Polícia Federal, a Polícia Rodoviário Federal, com apoio da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, foi o grande espetáculo assistido pelos telespectadores. Ver as bandeiras do Brasil e do Estado do Rio de Janeiro tremulando lá no alto do teleférico despertou sentimento cívico em muita gente. Como disseram algumas autoridades envolvidas nos eventos, foi uma batalha vencida, mas guerra ainda terá muitas outras. A maior preocupação agora fica por conta da continuidade das ações de repressão nas favelas dominadas pelos agentes da Lei, juntando-se a elas a inserção de ajuda social às comunidades que se livraram do domínio até então exercido pelos traficantes;

Há muita gente sugerindo inúmeras ações sociais que deverão ser implementadas nas comunidades que agora receberam o benefício da liberdade no modo de viver de cada um. Há também um elevado grau de sentimento de cidadania que os moradores passaram a usufruir, sendo o maior benefício o sagrado "direito de ir e vir". Sabe-se que outros pontos do Rio de Janeiro ainda são de certa forma dominados pelos traficantes de drogas e espera-se que as mesmas medidas tomadas no Morro do Alemão e na Vila Cruzeiro se repitam onde se fizer necessário. Além das tropas ali ficarem até a implantação de Unidades Policiais Pacificadoras (UPPs) previstas para até julho do do ano que vem, outras "tomadas de território" acontecem onde se fizerem necessárias;

Todavia, há um ponto que necessita ser observado. As toneladas de maconha apreendidas e os muitos quilos de pasta de cocaína é proporcionaram também a apreensão de dezenas de armas dos mais variados calibres e potência e os milhares de unidades de munição. Para garantir seu comércio, os traficantes precisam de armas e munição. E isso só acontece porque há quem lhes compre a mercadoria. Esses consumidores é que lhes garantem os milhões de reais de lucro e que os obriga a muitas vezes lutarem entre si para aumentá-los. Por isso é que se espera que as autoridades imponham rigorosa fiscalizam junto aos consumidores de drogas, clientes em potencial daqueles que no momento sofreram violenta queda em seus lucros, visto que os principais "silos" de suas mercadorias foram violentamente dizimados;

Não podem continuar livres, leves e soltos os consumidores, pois há uma legislação que os pune pelo uso de drogas proibidas. Há no Rio de Janeiro, por exemplo, um local mais do que conhecido de consumo de drogas - maconha em especial - que é o Posto 9 na praia de Ipanema. Lá, há uma espécie de tolerância, o que é inconcebível. Se é proibido por lei, não se pode fazer vista grossa aos consumidores num local que chegou a ser objeto de reportagem mostrando que os maconheiros se utilizavam de apitos quando algum policial se aproximada do local. E agora, por qual razão não precisam os viciados mais de seus apitos? Se for para continuar assim, melhor é que se modifique a lei e seja aceita a liberação das drogas, até porque não haverá mais necessidade de se traficar, bastando o viciado entrar numa farmácia e adquirir o "produto" de sua preferência;

Seria esse o melhor método para proteger nossa juventude dos males do consumo de drogas? Parece-nos que não.

26 de novembro de 2010

O Rio de Janeiro está virando o jogo

Parece que o Rio de Janeiro está virando o jogo contra a bandidagem. Até então, estava perdendo. A tomada da Vila Cruzeiro não pode deixar de ser elogiada. Espera-se que seja definitiva, bem como o início de outras ações semelhantes que sirvam para mostrar para os traficantes que o Estado de Direito prevalece sobre o Estado Paralelo. Os poderes legalmente constituídos é que comandam e não os poderes paralelos impostos através da violência e da força bruta. Se a criação e instalação das Unidades Policiais Pacificadoras (UPPs) em princípio demonstravam ser uma excelente e benéfica jogada política, o fato do governador Sergio Cabral ter solicitado colaboração logística ao Governo Federal, através da utilização dos veículos blindados do Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha, merece nossos aplausos, da mesma forma que também solicitou 800 homens do Exército e helicópteros da Aeronáutica;

O cerco do Exército aos bandidos que já está ocorrendo nos acessos à Vila Cruzeiro e ao Complexo do Alemão, com a maioria dos 800 homens solicitados integrada por soldados com experiência nas favelas do Haiti certamente está sufocando aquele grupo de marginais que foram mostrados pela TV Globo para todo o mundo que estão no Complexo do Alemão sem poderem voltar para a Vila Cruzeiro nem fugir de onde estão. Além do patrulhanmento dos militares do Exército em colaboração com a Polícia Militar do RJ, ainda há o apoio de helicópteros da FAB. O que a população espera é que nova investida contra o bando armado aconteça o quanto antes;

Para comprovar que a população está apoiando as ações estão aí alguns fatos observados ontem, quando moradores da Vila Cruzeiro deram água e até comida para os policiais que tomavam o local e faziam os bandidos promoverem aquele fuga cinematográfica. Sem medo de represálias, muitos moradores acenaram com "bandeiras brancas", demonstrado que estavam contentes que a chegada de tropas legais ao local. Hoje, mais um fato serve para demonstrar a satisfação da população com as medidas que estão sendo tomadas. Na Avenida Brasil, quando passavam um comboio conduzindo a tropa do Exército para o cerco aos bandidos, muitos motoristas promoveram um buzinaço, com claras demonstração de alegria pela chegada deles para o combate aos marginais;

Reconhecendo o mérito que tem o governador Sergio Cabral nas medidas tomadas, não há com deixar de alertar que não se pode mais voltar atrás. O povo fluminense espera que a guerra contra o crime prossiga até extirpar os traficantes dos locais que pensam lhes pertencer, mas que, na realidade, pertence a um povo pacífico e ordeiro que só deseja a paz.

23 de novembro de 2010

Terror no Rio

"Sim, são ataques terroristas o que estão chamando de arrastões. As autoridades têm que reconhecer isto! Se o Exército já veio para o Rio por tão menos, por que não vem desta vez? Qual é a jogada política do momento?. Quem está lucrando com isto? Seria a vida da Força Nacional de Segurança desmoralizante para as Unidades de Polícia Pacificadora? O carioca está em pânico. As pessoas não param nos sinais, ou ficam a dezenas de metros da faixa de pedestre, evitando chegar até ela, com pavor dos cruzamentos. As pessoas estão fazendo manobras arriscadas e arrancando com os veículos por qualquer emparelhamento normal no trânsito ou ao ver qualquer motocicleta. Ataques terroristas, sim". Esta é a carta do leitor Bruno de Faria, do Rio de Janeiro, publicada hoje na seção de carta dos leitores de 'O Globo';

Beltrame, Secretário de Segurança do RJ
A verdade é que Bruno de Faria tem toda razão. Os moradores da capital fluminense estão vivendo momentos de terror. E o pior é que já apareceu na imprensa declaração do Secretário de Estado de Segurança, José Mariano Beltrame, descartando a necessidade de solicitar ao Governo Federal a ajuda com a convocação da Força Nacional de Segurança, pois certamente isso poderia significar uma confissão de incapacidade do Governo Estadual em garantir da segurança dos cidadãos. Com certeza esse é o principal motivo para não querer solicitar ajuda. Não há porque se discutir a validade da implantação das UPPs em várias favelas cariocas. Nelas, as comunidades estão vivendo momentos de real cidadania;

O momento que está sendo vivido pela população leva a manifestações como a do leitor Altair Santos, também do Rio, na mesma seção de cartas: "Autoridades legalmente constituídas, vamos combater a guerrilha urbana, colocando as Forças Armadas na rua, e fogo neles? Faz-se necessário um basta em tudo que está acontecendo". Infelizmente Altair tem alguma razão, pois o que os bandidos estão jogando pesado e a resposta a eles tem que ser no mesmo nível.

Hoje, no site do jornalista Claudio Humberto, está publicada a seguinte nota, que vem de encontro aos desejos e preocupações da população fluminense:

RJ: OAB sugere Força Nacional

O presidente da OAB do Rio, Wadih Damous, defendeu nesta terça (23) que, se as ações terroristas e arrastões com incêndios que têm se intensificado no estado forem uma retaliação às Unidades de Polícia Pacificadora, pode ser o momento de se convocar a Força Nacional em caráter emergencial. Segundo Damous, os arrastões, principalmente na zona sul, mudaram de padrão, pois antes eram realizados por bandidos interessados em subtrair bens fáceis de serem carregados ou, ainda, para o roubo de automóveis. Agora, o interesse é incendiar veículos e aterrorizar a população . “Tudo leva a crer que se trata de ações para jogar a população contra as UPPs. Se essas ações criminosas perdurarem por mais tempo, sem que haja uma pronta resposta contra essa violência, corremos o risco de desmantelamento das UPPs, que são um projeto que vem dando muito certo”, analisou.

21 de novembro de 2010

UPPs estão sendo como "cobertor curto"

Governador Sergio Cabral
  • Um dos principais trunfos do governador Sergio Cabral, do Rio de Janeiro, para se reeleger com considerável percentual no primeiro turno - foram 5.217. 972 votos com 66,08% - foi a implantação das Unidades de Polícia Pacificadoras, as UPPs. Diversas favelas deixaram de ser "governadas" por traficantes, passando a ter segurança quase total para os moradores com a presença constantes de policiais militares. Algumas delas, pela localização privilegiada, passaram a ser pontos obrigatórios de visitas de turistas, em especial vindos do exterior. Quase todos os dias os morros cariocas são "invadidos" por estrangeiros curiosos e conhecer aquelas comunidades, além de poderem apreciar paisagens que somente a capital do Rio de Janeiro pode proporcionar;
  • Acontece, no entanto, que a implantação das UPPs tem se mostrado como uma espécie de cobertor curto que quando cobre os pés deixa a cabeça descoberta, e vice-versa. Depois do sucesso das pacificações, tem aumentado de modo alarmante o número de "arrastões" nas ruas e estradas na parte plana da cidade, ao lado de invasões de residências, roubos de automóveis, assaltos à mão armada e outros tipos de violência urbana. Os bandidos ligados aos traficantes ficaram sem espaço nas favelas e estão procurando outras alternativas para angariarem dinheiro para seus negócios. Na Baixada Fluminense - em Duque de Caxias, São João de Meriti, Nova Iguaçu e Nilópolis -, já se observam invasões de traficantes e até alguns confrontos entre facções rivais lutando em busca de espaço para implantação de seus "negócios";
  • Os moradores tanto da Capital como estão apavorados com esse novo quadro e esperam do governador Sergio Cabral uma atitude enérgica que vise a garantia de segurança, com a implantação de UPPs em toda a Região Metropolitana. Se ocorrer omissão por  parte do Governador, certamente a resposta virá através das urnas nas eleições municipais de 2012.
  • Neste domingo (21) e hoje, novos eventos ocorreram no Rio de Janeiro, com "arrastões" e incêndios de veículos após saquearem motoristas e passageiros. Um dos casos aconteceu bem próximo ao Palácio das Laranjeiras, sede do Governo do Estado do Rio de Janeiro, que não se pronunciou a respeito. Já a Polícia Militar informar que passou a realizar rigoroso policiamento nos locais que foram alvos das ações dos bandidos, ou seja, estão colocando trancas depois das portas terem sido arrombadas.

20 de novembro de 2010

Como acreditar na Justiça? [2]

Já aconteceu a indicação e nomeação por Lula de um integrante do Supremo Tribunal Federal (STF) que tinha como comprovação de seu "saber jurídico" o fato de haver sido reprovado por três em concurso para Juiz de Direito, mas que tinha a seu favor o fato de ter sido advogado pessoal do Presidente da República, bem como do PT, o que lhe proporcionou atingir aos 41 anos um cargo público, sem concurso, que lhe garante um "emprego" até os 70 anos, com aposentadoria integral, com poderes até de anular sentenças de juízes e desembargadores, que, ao contrário dele, tiveram que ser aprovados em rigorosos concursos;

Agora, quando o PMDB através de ilustres figuras como José Sarney, Renan Calheiros e outros declara apoio a um nome para a 11ª vaga no STF, aparece a notícia de que Lula já tem seu candidato, Trata-se do Advogado-Geral da União, Luís Inácio Adams, que tem como credenciais o fato de ter defendido o presidente nas ações que envolviam as numerosas multas que recebeu da Justiça Eleitoral por quebra da legislação, em especial por campanha eleitoral antecipada, multas essas que receberam de Lula bastante deboche. Com isso, o STF passaria a ter simplesmente oito de seus onze integrantes indicados e nomeados pelo Presidente da República, cujos critérios para indicação nem sempre foram ao "notável saber jurídico" do seu indicado;

Quem quiser que confie na Justiça.

19 de novembro de 2010

Como acreditar na Justiça?

Em países decentes, suas cortes supremas de Justiça são os baluartes da legalidade. Neles, as leis são interpretadas quando necessário e seus integrantes são totalmente neutros com autonomia para tomarem suas decisões. Não se vê membros dessas cortes atrelados nem ao governo central e muito menos a partidos políticos e muito menos a parlamentares. Pois bem, aqui no Brasil é tudo diferente. No Supremo Tribunal Federal (STF) está faltando um ministro na sua composição. Recentemente, em votações polêmicas d caráter político, o resultado foi um empate de 10 a 10. Os casos ficaram em suspenso esperando a indicação do 11º integrante para que ele vote sobre as matérias, tendo o presidente do STF abdicado do direito do tradicional "voto de Minerva". Nossa Constituição estabelece que os integrantes do Supremo são indicados pelo Presidente da República e aprovados pelo Senado Federal, após ser sabatinado;

Embora esteja na Carta Magna, esse sistema não é de todo decente, pois proporciona ao Presidente da República ter, como agora, sete dos onze membros do STF por ele indicados, partindo agora para o oitavo. Não há como, em casos de mera interpretação, os ministros não penderem para o lado que interesse a quem o indicou para compor a Suprema Corte. Hoje, a imprensa divulga que o nome a ser indicado para 11ª vaga é o do ministro Cesar Asfor Rocha, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que conta com o apoio do PMDB, com o aval nada menos que de Renan Calheiros e José Sarney. Os peemedebistas não estão justificando esse apoio pelo saber jurídico de Asfor Rocha, mas sim para que esse apoio se traduza em definição desempatando a ação sobre a Lei da Ficha Limpa, de modo que Jáder Babalho (PMDB-PA) possa vir a exercer seu mandato e outros casos que beneficiem tanto o PMDB como até o PT, partido da Presidente da República eleita, Dilma Rousseff;

Caso isso se confirme, mais uma vez o povo ficará cada vez mais descrente da neutralidade da Justiça no Brasil.

15 de novembro de 2010

Como será o governo de Dilma?

O sociólogo francês Alain Touraine, diretor da École des Hautes Études en Sciences Sociales de Paris (Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris) acaba de fazer uma análise sobre o que pode acontecer após a posse Dilma Rousseff como Presidente da República. Para ele, existe o perigo de acontecer um retrocesso na Brasil, afirmando: "A verdade é que não sabemos o que será o governo da nova presidente". O conceituado intelectual francês frisou que o Brasil tem um passado marcado pelo populismo, alertando sobre a existência de segmentos do PT que têm tendências para o autoritarismo. Ele ainda elogiou os governos de Fernando Henrique e Lula, destacando que FHC, em seus oito anos, construiu as instituições e que Lula, por sua vez, realizou transformações sociais, tirando dezenas de milhões de brasileiros da miséria e da exclusão. "Graças aos dois, em igual importância, o Brasil tem os elementos básicos para desenvolver um novo tipo de sociedade", enfatizou;

As apreensões de Alain Touraine ficam por conta da incógnita que é Dilma Rousseff. Ele afirma que a presidente eleita é uma invenção de Lula, que não foi autoritário, mas segmentos do PT são chegados a ideias não muito democráticas."A verdade é que não sabemos o que será o governo da nova presidente, porque ela não tem experiência política". O sociólogo francês condena a ideia de Dilma "esquentar a cadeira" presidencial por quatro anos para uma possível volta de Lula, destacando que numa democracia não pode haver presidente interino. E acrescentou: "Neste momento, Dilma é Lula. Ninguém sabe nada sobre ela. Ela pode ter tendências populistas ou fazer um fantástico governo, não sabemos";

Já foi dito aqui que ninguém deve torcer contra Dilma. Bom seria se ela fizesse realmente um excelente governo, pois quem sairia ganhando certamente seria o povo. Como bem salientou o intelectual francês, o Brasil andou para a frente nos últimos dezesseis anos. Seria altamente prejudicial para a sociedade como um todo se vier a acontecer um retrocesso. O que preocupa no momento é a verdadeira quebra de braço que se assiste entre os partidos da atual base aliada de Lula, com todos reivindicando os mesmos ministérios e alguns querendo até mais postos de comando no futuro governo. E o grande perigo está no PMDB, contumaz apoiador dos últimos governos, de qualquer tendência ideológica, numa evidente demonstração de fisiologismo explícito, bem na base do "é dando (apoio parlamentar) e se recebe (ministérios e cargos importantes)". É pagar para ver, torcendo para que Alain Touraine esteja errado em suas análises.

11 de novembro de 2010

Enem: nova prova e um "adeus" para ministro do MEC

Estudantes não sabem o que vai acontecer com o Enem 
O presidente Lula afirmou ontem que qualquer problema ocorrido nas provas do Enem, não invalida os resultados alcançados e que o processo vai continuar. E disse: “O Enem é um exemplo de uma coisa bem-sucedida. Se tem problemas, vamos consertar”. Ele garantiu que a Polícia Federal vai investigar para saber o que ocorreu, ressaltando: “Se for necessário fazer uma prova, faremos; se forem necessárias duas, faremos. Mas o Enem vai continuar a ser fortalecido". As palavras de Lula contradizem o que ele mesmo havia declarado anteriormente, quando enfatizou o Enem tinha sido extraordinário. Pelo que vê hoje na mídia, parece que os planos para que o ministro da Educação, Fernando Haddad, continuasse à frente da pasta no governo de Dilma Rousseff não irá adiante. Tem gente do próprio PT admitindo que o ministro deva até ser exonerado do cargo;

Como Fernando Haddad viajaria para Seul em companhia de Lula e Dilma, certamente os três teriam oportunidade para discutirem a permanência dele no MEC. No entanto, com a ampla repercussão negativa causada pelas falhas gritantes ocorridas na prova do sábado, Haddad foi praticamente retirado da escada ao Aerolula, ficando em Brasília para tentar resolver o problema. Para piorar a situação do titular do MEC, a Justiça Federal no Ceará, além de suspender em todo o País o exame, exigindo a realização de novas provas, impediu que o Inep, órgão responsável pelo exame, sequer divulgasse o gabarito, causando ansiedade e preocupação em milhões de estudantes que ficaram sem saber que rumo tomar para a tentativa de ingresso no ensino superior, uma vez que o Enem passou a ser um super vestibular para preenchimento em mais de 80 universidades;

A mais recente declaração de Lula faz com que se comprove que ele tenha raciocinado melhor e corrigido a estapafúrdia declaração elogiosa que havia feito sobre o Enem. A solução apresentado pelo MEC para que um pequeno grupo de auto-declarados prejudicados com a confusão na provas do sábado  façam somente eles nova prova é considerada pela maioria como absurda, só restando ao ministro Haddad marcar de imediato um novo exame para todos, pelo menos das provas aplicadas no sábado, e em seguida pedir exoneração do cargo, ou então que Lula o exonere, deixando Dilma Rousseff livre para escolher outro ministro que não seja tão enrolado como o atual.

9 de novembro de 2010

Lula diz que prova do Enem foi um sucesso (?!)

 Mais uma vez o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) está no topo do noticiário e também por motivo de falhas gritantes na sua aplicação. No ano passado houve o vazamento das questões, levando o Ministério da Educação (MEC) a anular as provas e marcar outra. Antes das problemáticas provas deste ano, hou ve uma farta distribuição de dados pessoais de candidatos de anos anteriores pela Internet, em mais um vazamento (a coisa por lá anda mais para vazamento, pois parece haver furos por todos arquivos daquele setor do MEC. Desta vez houve um erro na elaboração das provas fazendo com que uma juíza da 7ª Vara Federal do Ceará determinasse a suspensão temporária do Enem. A medida vale para todo o Brasil. A juíza já tem do seu lado o procurador Oscar Costa Filho, do Ministério Pública Federal (MPF), que entrar com ação requerendo a anulação definitiva da prova de sábado;

Ministro Fernando Haddad
Convém destacar que em países mais adiantados que o nosso o ministro da Educação, Fernando Haddad, já teria sido demitido talvez já no ano passado. Nessa segunda falha gritante, já teria caído desde domingo. Se fosse coisa mínima como ele alega que aconteceu, não haveria motivo para suspender a viagem que faria ontem para a África acompanhado o presidente Lula. Teve que ficar no Brasil porque há milhões de estudantes esperando uma solução imediata, pois querem saber se as provas valeram ou se terão que voltar a fazer pelo menos uma nova prova em substituição às de sábado, nas quais ocorreram erros grosseiros de formulação e de impressão. O MEC quer aplicar nova prova apenas para aqueles que reclamarem achando-se prejudicados. Em se tratando de Brasil, não há como não se admitir que vão aparecer alguns espertos que não foram bem nas provas alegando que erraram por causa dos problemas que aconteceram. Além do mais, não podem ser somente alguns milhares a fazerem nova prova. Se houver nova oportunidade, tem que ser para todos os candidatos;

Quando não tinha nada mais a se argumentar, eis que aparece o presidente Lula, lá em Moçambique, declarando que a prova foi um sucesso extraordinário, enfatizando: "Até hoje tem gente que não se conforma com o Enem. Mas, de qualquer forma, ele provou que é extraordinariamente bem-sucedido". Em outros tempos, alguém diria, em tom de brincadeira que Lula teria revisado as provas e as achado excelentes. Lá em Maputo, Lula afirmou que nem mesmo o problema de inversão do caderno de questões, que atingiu todos os estudantes que participaram do Enem teria afetado a validade do exame. O presidente da República não procurou saber o que pensam os estudante e seus responsáveis nem como está o estado de espírito dos mais de 3 milhões de estudantes que hoje tomarão conhecimento do gabarito das provas, e aqueles que possivelmente tenham sido aprovados, em especial os que tiraram notas elevadas. Parece que não é hora de se ficar defendendo um membro do primeiro escalão do Governo e que por suas vezes mostrou-se incompetente para ali estar;

Para culminar, a presidente eleita já afirmou que a Educação não é uma de suas prioridades, uma vez que o setor já está "bem encaminhado". O que quis ela dizer? Se está encaminhado talvez seja em direção os fundo do poço, pois, afinal, os índices de aprovação dos estudantes no Brasil acabam de ser divulgados de modo retumbantemente negativo, pois estamos no mesmo patamar do Zimbábue. Convém transcrever aqui trechos de carta de uma leitora de 'O Globo' na edição de hoje: "Os erros nas provas do Enem não podem penalizar os estudantes e causar angústias e transtornos também para suas famílias, confiantes na seriedade da instituição. Educação é honestidade, transparência, responsabilidade e justiça".

5 de novembro de 2010

Volta da CPMF é golpe baixo

Quatro dias depois da definição do segundo turno com a eleição de Dilma Rousseff seus 56 milhões de eleitores já tomaram o primeiro susto com as especulações sobre a volta da cobrança da CPMF, o imposto sobre cheques com a possibilidade de aprovação do projeto criando a Contribuição Social para a Saúde (CSS), uma nova roupagem da cobrança daquela contribuição cujo "P" significava Provisória e que se transformou em Permanente, pois foi cobrada durante cerca de dez anos. Lula considerava a extinção da CPMF como a sua maior derrota no Congresso Nacional. Como coube ao partido Democratas (DEM) a liderança pela rejeição, Lula queria que o antigo PFL fosse extirpado da vida política do Brasil. Esqueceu-se o presidente que grande número de parlamentares de sua "base aliada" votaram com o DEM, pressionados pelo alto índice de 85% da população que desejava ver o fim do tributo;

85% da população abomina a CPMF
O maior argumento de Lula é que com o fim da CPMF a União deixaria de arrecadar R$ 40 bilhões que deveriam ser destinados ao setor de Saúde, o que efetivamente não ocorria havia muitos anos. Além do mais, o Governo aumentou a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e nos últimos dois anos o Tesouro arrecadou um acréscimo de muito mais que os R$ 40 bilhões. O Brasil continuou a ser o "campeão mundial" de carga tributária, mas o Governo Lula continuou não investindo na Saúde;

Agora, surgiu a conversa de que os governadores estão pleiteando a volta da famigerada contribuição, cuja lei já foi aprovada pelo Senado, faltando a Câmara aprovar ou rejeitar o tributo tão rejeitado pelo opinião pública (que não é apenas Lula, como ele quis dar a entender em certo momento da campanha de Dilma). O Governo tem maioria folgada na atual composição da Câmara, que pode aprovar a criação da tal CSS. Basta apenas que Lula assim o queira. A partir do ano que vem, Dilma disporá de maioria mais ampla, também dependendo dela a aprovação da nova lei. No momento ela deu uma de "João-sem-braço", alegando que a pressão parte dos governadores. É o seu primeiro "eu não sei de nada";

Se Lula ou Dilma ficarem omissos e deixarem o assunto ser mesmo tratado entre governadores e deputados, que certamente aprovarão a criação da CSS, trata-se do primeiro golpe contra os eleitores, dando direito a que os demais 44 milhões deles tenham o direito de clamar contra a nova CPMF. Os demais terão que ficar de bico calado.

4 de novembro de 2010

Torcer contra Dilma é dar tiro no pé

Existem pessoas que colocam o resultado de uma eleição como que represente um caso de vida ou morte. Para esses, não ver eleito o seu candidato é como se o mundo acabasse. Esquecem que faz parte do jogo democrático alguém ganhar uma eleição e outro perder (ou outros). Entretanto, há aqueles que sabem absorver o resultado de uma eleição que lhe seja desfavorável, entendendo que tem que aguardar o noivo pleito para tentar ver vitoriosas as candidaturas que escolheu. Algumas manifestações nos diversos blogs listados neste aqui foram bastante infelizes, pois seus responsáveis parecem não terem entendido o recados das urnas. A verdade é que cerca de 56 milhões escolheram Dilma Rousseff, enquanto José Serra somente conseguiu ser votado por 44 milhões de eleitores. E ainda houver os que se abstiveram, os que votaram em branco e os que anularam seus votos, demonstrando que não queriam ver nem um nem outro eleito;

Mas encontramos algumas manifestações bastante interessantes sobre o resultado de domingo passado. Aciléa Pinto da Cunha, do Rio de Janeiro, escreveu o seguinte na seção de cartas dos leitores em 'O Globo' de hoje: "Sou uma dos 44 milhões que votaram contra a candidata indicada por Lula. Ela venceu, mas não estou de todo infeliz, pois pelo menos não vou ver mais o ex-presidente debochando, ironizando, falseando verdades como um sindicalista, e não com postura de presidente d nossa pátria. Espero que a candidata eleita seja digna do cargo que vai ocupar. Não foi a melhor, mas se venceu temos que torcer para que tenha classe e respeito por nós, brasileiros. E que não seja uma marionete, tenha personalidade e opinião própria, para o bem dela e todos nós". Esta é uma manifestação lúcida  e de elevado nível. Incompreensível é ver em alguns blogs que existam pessoas já torcendo contra, o que não é válido, pois se a presidente eleita falhar, o povo é que vai pagar;

De nada adiantam especulações sobre possíveis ataques à Constituição por parte de Dilma com base na confortável maioria parlamentar de que disporá durante seu Governo. Não dá agora para se falar em possibilidade do Brasil vir a copiar as iniciativas "bolivarianas" de Hugo Chávez que visam a perpetuação dele no poder venezuelano. Aqui no Brasil a banda toca em outro ritmo. Quando petistas assanhados especularam um terceiro mandato para Lula, ele próprio e seus partidários ponderados fizeram a ideia abortar (sem nenhuma restrição de qualquer grupo religioso). Quer queiram ou não Dilma não é Lula, da mesma forma que Serra não era FHC. Essas insinuações eram mero jogo de campanha. Agora, é esperar o andamento do novo Governo. E para que em 2014 a presidente Dilma não tenha condições de se reeleger, não vai ser essa Oposição de agora que vai conseguir. Vão ter que mudar muita coisa e muita gente também.