O presidente da
OAB nacional, Ophir Cavalcante, concorda com o senador Demóstenes Torres
(DEM-GO), que criticou na última terça-feira os critérios de escolha de
ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). “A forma
de escolha efetivamente deve ser mudada, a partir de um debate a contar com a
participação da advocacia, do Ministério Público e da magistratura, que são os
grandes atores da cena jurídica", afirmou Ophir. Para ele,
não se pode conceber que os tribunais, sobretudo o Supremo, tenham seus
integrantes escolhidos somente pelo presidente da República e com uma
participação meramente cosmética por parte do Legislativo. E disse mais o
presidente da OAB: "Ao se manter o modelo
hoje existente, é necessário que o Legislativo efetivamente exerça o seu papel,
como tem feito o Legislativo nos Estados Unidos e de outros países que possuem
uma democracia livre. É necessário que o Legislativo efetue uma sabatina
necessária porque os ministros do STF vão exercer o mais alto cargo da
magistratura, pois a eles cabe a interpretação da Constituição Federal”;
Está certa a OAB
em reivindicar mudanças nos atuais critérios de escolha de ministros para o
Supremo. Da forma como acontece hoje, o STF acaba sendo uma Casa Política e não
Jurídica com já frisamos um dias aqui. No caso da mais recente votação, da
futura ministra Rosa Weber, os senadores chegaram a fazer uma espécie de
chantagem com o STF, propondo uma disfarçada troca: aprovariam o nome da
indicada por Dilma Rousseff por uma decisão favorável a garantir o mandato de
um senador - Jader Barbalho (PMDB-AP) - que teve seu registro de candidatura
negado com base na Lei da Ficha Limpa, sabendo que o Supremo espera a nova
ministra para decidir a validade daquela lei;
Outro aspecto
está na exigência constitucional de que o indicado tenha 'ilibada reputação' e
'notório saber jurídico'. Note-se que a Constituição nada diz sobre a
necessidade do indicado ser ou não advogado de formação. Em meio a críticas
sobre seu conhecimento jurídico, o plenário do Senado aprovou a indicação de
Rosa Maria Weber para o Supremo Tribunal Federal (STF) por 57 votos favoráveis,
14 contrários e uma abstenção. "Não cabe ao
indicado ao Supremo chegar à sabatina e afirmar que vai estudar determinados
temas", criticou o senador Pedro Taques (PDT-MT), que era
procurador da República antes de se eleger. Foram 14 votos contra sua indicação
causados pelo seu pouco 'saber jurídico';
Recentemente, o
Senado aprovou sem traumas a indicação do ex-presidente Lula seu advogado
pessoal e do PT, Antonio Dias Toffoli, de apenas 41 anos, que por isso já havia
sido nomeado Advogado-Geral da União. A tal sabatina correu fácil e a votação
em plenário foi quase unânime. Nem teve as 'pegadinhas' que os senadores
Demóstenes e Taques aplicaram em Rosa Weber, que provocaram os 14 votos
contrários em plenário por ela ter se mostrado enrolada para respondê-las. Já
Toffoli teve aprovada facilmente a comprovação de seu 'notável saber jurídico':
foi reprovado três vezes em concurso para Juiz de Direito e agora tem poderes
legais para até anular sentenças de juízes estaduais e federais,
desembargadores e até de ministros do Tribunal Superior de Justiça (TSJ) e do
Tribunal Superior Eleitoral (TSE);
Que a OAB
nacional siga em frente, porque pelo menos no Supremo se espera de seus
ministros neutralidade e julgamento somente à luz da lei e não que esteja
atrelado a interesses pessoais de quem os indicou e muito menos que se submeta
a interesses políticos em face de antigo vínculo político-partidário com o
presidente da República que os tenha indicado para tão excelente 'emprego', que
é como alguns deles consideram.
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