Este blog não está sozinho em sua opinião sobre a ativa participação de Lula como cabo eleitoral da candidata à sua sucessão. Em artigo publicado neste fim de seman, o ex-prefeito do Rio de Janeiro, César Maia, dá a seguinte opinião sobre o comportamento do presidente no seu esforço para continuar no poder, num terceiro mandato disfarçado, mas que no momento não está dando muito certo. César Maia escreveu o seguinte:
PRÉ-CAMPANHA: LULA JÁ SE DESESPERA!
1. Lula deveria se acalmar e manter a dignidade do cargo neste processo eleitoral. A dificuldade de transformar sua popularidade pessoal em voto para outra pessoa pode ser avaliada, nesta conjuntura, com o que aconteceu no Chile com o candidato da presidente Bachelet e está acontecendo com o candidato de Uribe, ambos tão ou mais populares que Lula em seus países.
2. Lula usou a rede nacional de TV para saudar o dia do trabalho de forma ultrajante. Poderia ter usado no próprio dia, mas usou dois dias antes para tentar conseguir mais audiência. Nela, explicitamente, fez um discurso eleitoral de continuidade, onde o nome de sua candidata estava presente, oculto pelo verbo.
3. No dia 1 de maio, foi ao comício-sorteio de apartamentos, carros e eletro-eletrônicos domésticos da Força Sindical. Reuniu 450 mil interessados nos sorteios, como todos os anos e talvez uns 10 mil nos discursos. Ali, tratou as pessoas como massa manipulável, ordenando que votem na sua candidata: "Vocês sabem o que eu quero". No comício da CUT chorou, denotando descontrole.
4. No Chile, as pesquisas pré-eleitorais mostraram que o eleitor chileno reagiria, não votando no candidato de Bachelet, se ela se excedesse no apoio. Lula pode estar, com esse comportamento autoritário-juvenil, prejudicando sua candidata. Mas por que faz isso?
5. Lula, a cada pesquisa que recebe, a cada aparição pública de sua candidata, a cada entrevista, a cada áudio-flagrante, vídeo-flagrante, foto-flagrante, se desespera e antecipa seu pessimismo, atropelando o bom senso. Agora, diz que quando a TV entrar, em 15 de agosto, é que a campanha vai valer. Ou seja, jogou a toalha em relação à pré-campanha em que apostou tanto.
6. Paul Larzarsfeld -fundador, na Universidade de Columbia-NY, de todo esse sistema de pesquisas de opinião pública-eleitoral, ainda no final dos anos 20- repetiu por décadas sobre a importância da pré-campanha. Ele dizia que "eleição é como a fotografia" (do tempo dele). "Se tira a foto e se impregna a imagem no celulóide. Depois se vai à câmara escura e se revela a foto. A pré-campanha é impregnar a foto. A campanha é revelar a imagem impregnada."
7. Sem pré-campanha não há campanha. A eleição passa a ser uma loteria. A pré-campanha da candidata de Lula vem impregnando imagens negativas sobre sua capacidade de governar. Quando forem revelar essas imagens aparecerão na cabeça do eleitor em 3D.
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