"A minha felicidade seria bastante se, às vésperas das eleições, os analfabetos começassem a ler e a enxergar o quanto são usados; os miseráveis, apesar dos pesares, tivessem um rompante de cidadania e votassem como uma consciência jamais vista; e os apadrinhados, sim, aqueles que até aqui garantiram a eleição de inúmeros fichas-sujas, num instante de lucidez, reagissem contra a própria índole e, envergonhados, partissem para a redenção em forma de voto. A minha felicidade seria ainda maior se pudesse, finalmente, olhar emocionado para um candidato que honrasse o meu voto, a minha cidade, o meus país", escreveu Ricardo R. Siqueira, de Niterói, RJ, na seção de carta dos leitores de 'O Globo' deste domingo;
Isto é um desabafo de um dos muitos cidadãos brasileiros desiludidos com o processo eleitoral, do qual muita gente, sob o manto do direito democrático, concorre e vence na disputa do direito de representar o povo nos poderes executivos e legislativos. Este ano, graças à Lei da Ficha Limpa alguns não estão conseguindo oferecer seus nomes ao eleitorado por conta de seus passado que os colocam na condição de fichas-sujas, levando a Justiça Eleitoral a impugná-los e negar-lhes o registro de suas candidaturas. Mas a grande maioria dos que concorrerão, até mesmo os de fichas limpas, vivem a enganar os eleitores com promessas que nunca irão cumprir - muitos são reeleitos por várias vezes, sempre com as mesmas promessas -, mas o povo continua acreditando neles e mantendo-os nos respectivos cargos onde nunca deveriam estar;
Outro leitor, Ariston Carvalho Oliveira, do Rio de Janeiro, também reclama na mesma seção de cartas: "Nos programas televisivos obrigatórios eleitorais nos defrontamos com candidatos boçais, interagindo com a ignorância vulgar de um palavreado deplorável. Tentam nos convencer com cinismos e discursos hipócritas. Criatividade zero. Criaturas estranhas, deploráveis, incompetentes e decadentes. Só falam abobrinhas e porcarias. Despreparados e redundantes nas mentiras, Incoerentes e na contramão da realidade. Extravagantes nos gestos e nas caretas, não conseguem transmitir o mínimo de confiança ao eleitor. No fundo, no fundo, só querem se arranjar e se dar bem. Haja saco para aturar...". Tanto um como outro demonstram o quanto o processo eleitoral está se transformando num verdadeiro circo, na qual quem paga ingresso (os impostos) e obrigado a participar do show;
Seria muito bom que o brasileiro não fosse obrigado a votar, ou seja, que fosse adotado o voto voluntário, como ocorre em países desenvolvidos. Neles, vota quem quer, mas vota consciente. O voto obrigatório leva o indivíduo despreparado a aceitar qualquer oferta em troca de seu voto, acabando por eleger quem não tem a mínima condição de representá-lo nem de dirigir o País, seu Estado ou Município. Mas não há como esperar que o Congresso Nacional venha a adotar o voto não obrigatório, pois, afinal, é com esse voto "de cabresto" constitucional que a maioria dos parlamentares chega onde estão;
E é por esta razão que faltando pouco mais que um mês para a eleição muita gente ainda não saiba em quem votar. Os indecisos continuarão vendo pela TV ou ouvindo pelo rádio as mesmas promessas garantindo melhorias futuras na educação, transporte, saúde, transportes, segurança, habitação, isso feito inclusive por candidatos falando em continuidade de quem está governando, mesmo que o mandatário de plantão diga que todos este problemas estão solucionados e que vivemos numa autêntica Suíça. É mesmo pra lamentar.
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