Ao pedir a condenação do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha
(PMDB-RJ) por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas, a
Procuradoria-Geral da República (PGR) afirma que tanto o ex-parlamentar quanto
seu partido se beneficiaram direta e indiretamente do esquema de corrupção na
Petrobras. A força-tarefa da Operação Lava-Jato informa que um percentual
sobre os contratos da diretoria, a partir de 2007, foi repassado indevidamente
ao PMDB. A acusação direta ao atual partido do Governo consta das
alegações finais do Tribunal Regional Federal da 2.ª Região (TRF2), no Paraná,
na ação penal em que Eduardo Cunha é acusado de receber propina na compra do
campo petrolífero de Benin, na África, pela Petrobrás, em 2011, e que os
repasses ainda teriam ocorrido nos contratos para construção dos navios-sonda
"Petrobras 10000" e "Vitória 10000" e no contrato de
afretamento do navio-sonda "Titanium Explorer". O ex-deputado é
suspeito de ter recebido US$ 5 milhões do lobista Julio Camargo, por intermédio
do operador Fernando Falcão Soares, o Fernando Baiano. No documento, a
força-tarefa aponta ainda para a nomeação do engenheiro Jorge Zelada para a Diretoria
Internacional da Petrobras, em 2008. A PGR pede ao juiz federal Sérgio
Moro que Eduardo Cunha seja condenado por corrupção passiva, lavagem de
dinheiro e evasão de divisas;
Nas
alegações finais, o MPF afirma que o peemedebista recebeu propina de 1,3 milhão de francos suíços, quantia paga pelo operador do PMDB, João Augusto
Henriques, por meio da offshore "Acona International Investments" no
Banco Suíço BSI. Os valores saíram da compra, pela Petrobras, de 50% dos
direitos de exploração de um campo de petróleo em Benin, na África, no valor de
US$ 34,5 milhões. Os procuradores narram que, durante seu interrogatório,
Eduardo Cunha deu a entender que a propina sobre o contrato de Benin seria
devida ao ex-deputado Fernando Diniz (PMDB-MG), mas que não foram pagas em
razão de seu falecimento, em 2009. “Destaca-se a estratégia de Eduardo Cunha de
tentar imputar exclusivamente a responsabilidade de seus crimes a pessoa já
falecida. Ainda que Fernando Diniz também possa ter tido participação no esquema
criminoso ora denunciado, certo é que a corresponsabilidade de Eduardo Cunha é
flagrante, observa a PGR. Para os
procuradores, as
provas produzidas na ação penal deixam bem claro que a nomeação de Jorge Zelada
se deu através de um arranjo político entre o PMDB e o PT, na
época o partido governista. Em troca de apoio político em votações de interesse
do governo no Congresso Nacional, a Diretoria Internacional passou a ser
‘loteada’ em favor do PMDB a partir de 2007, em especial da bancada do PMDB
de Minas Gerais na Câmara dos Deputados. A PGR que o
diretor-presidente da CBH, o português Idalécio Oliveira, celebrou com João
Henriques “um contrato de agenciamento falso como subterfúgio para o repasse de
US$ 10 milhões, que tinha por objeto suposto suporte técnico e contratual na
venda do campo de Benin para a Petrobrás, serviço que nunca foi prestado de
fato”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não saia do Blog sem deixar seu comentário