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6 de setembro de 2011

Volta da CPMF parece ter jogo duplo

"Não precisa criar nenhum imposto para colocar dinheiro na Saúde. Não há a menor possibilidade de o Congresso votar a criação de novos impostos". Isso foi o que disse o deputado Duarte Nogueira (PSDB-SP), líder dos tucanos na Câmara dos Deputados, dando a entender que estava sendo porta voz de um recado informando que o Congresso Nacional é contra a criação de uma nova CPMF, com qualquer 'apelido' que venha a ter. Ele argumenta lembrando que tão logo o Congresso derrubou a CPMF, o Governo aumentou a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que representa para 2011 uma receita de cerca de R$ 31 bilhões. É só direcionar tal arrecadação para o setor de Saúde, verdadeiramente e não como sempre ocorreu durante os 11 anos de vigência do chamado 'imposto sobre cheques';

Quando a extinção da CPMF estava em discussão no Congresso, uma pesquisa apontou que mais de 80% da população era contra a sua existência. A maioria dos parlamentares optou em ficar com o que apontava a maioria da opinião pública. Hoje não é diferente. Os protestos contra a possibilidade da volta daquele tributo compulsório está sendo motivo de várias manifestações contrárias. Como o jogo político nem sempre é muito claro, o povo fica em dúvida e a presidente Dilma Rousseff é mesmo contra a volta da CPMF ou se ela está 'jogando para a arquibancada' enquanto estimula a sua 'base aliada' a aprovar um novo tributo para compensar a redução de receita se aprovada a Emenda 29, que obriga a União, estados e municípios a gastarem 10% de suas receitas com a Saúde;

Há poucos dias um leitor (Julio Caldas Alves de Brito - Petrópolis, RJ) escreveu o seguinte para a seção de cartas de 'O Globo': "Enquanto a presidente Dilma defende a redução de juros e diminuição de impostos, o líder do governo, deputado Candido Vaccarezza, defende a volta da CPMF, a legalização dos bingos como forma de aumentar a arrecadação do governo e comemora com a deputada Jaqueline Roriz a sua absolvição, uma flagrante demonstração de quebra de decoro parlamentar. A Câmara não tem 'espírito de corpo' com seus membros, mas 'espirito de porco' com seus eleitores e com o povo em geral". Já a leitora Rachel Gutiérrez, do Rio, foi bastante enfática: "Sem dinheiro para a Saúde? É fácil: desconte-se 1% dos salários dos vereadores, dos deputados e dos senadores, e depois reduza-se, em 30%, o número de todos eles";

Essas reações são exemplos de como a população está começando a se revoltar contra a excessiva carga tributária que tem sobre si, ao mesmo tempo em que enxerga nos políticos não um representante seu, mas sim alguém que só se preocupa em dar meios para aumentar a receita do Poder Público, pouco se importante de os recursos retornam a quem paga impostos, o povo, em benefícios com Saúde, Educação, Segurança Pública, Transportes e outros. Pior ainda é estar constantemente vendo, lendo e ouvindo que o dinheiro público anda sendo 'aplicado' nas contas bancárias de alguns deles.

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