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24 de novembro de 2015

Nova fase da Lava-Jato tem foco em Lula e prejudica Dilma

  • A prisão do pecuarista José Carlos Bumlai, ocorrida hoje, abre uma nova visão na investigação na Operação Lava-Jato, com foco no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, além de desdobramentos políticos sensíveis para o governo de Dilma Rousseff. Como é de conhecimento geral, Bumlai é amigo de Lula e tornou-se alvo da Lava-Jato depois que dois delatores relataram que ele teria repassado recursos para uma nora do ex-presidente e ajudado a quitar dívidas do PT, o que o pecuarista nega ter feito. Além disso, Bumlai é descrito pelo delator Fernando Baiano, como uma espécie de lobista na Sete Brasil, empresa que administra o aluguel de sondas para a Petrobras no pré-sal;
  • O chamado 'núcleo duro' do Governo acha que o fechamento do cerco a Lula na Lava-Jato tem o objetivo de desmoralizá-lo e enfraquecer sua capacidade de mobilização social. Os auxiliares mais próximos da presidente reconhecem que, numa eventual abertura de processo de impeachment contra Dilma, o ex-presidente "é o único" capaz de mobilizar a militância petista e os movimentos sociais para defender o mandato da sucessora. Caso Lula esteja enfraquecido e desgastado pelas suspeitas de corrupção, por exemplo, o governo Dilma poderiá ficar inviabilizado;
  • Como é normal até em quem é preso em flagrante cometendo algum crime, Lula nega que tenha atuado como intermediário de empresas ou autorizado lobby em seu nome. Pouco depois da prisão de Bumlai, ministros petistas já discutiam que, se a investigação chegar de vez ao ex-presidente, o resultado prático não será apenas prejuízos ao governo Dilma, mas também significará a derrocada do PT e do seu projeto de poder. Da última vez que se encontraram pessoalmente, há quase vinte dias no Palácio da Alvorada, Lula e Dilma conversaram sobre os desdobramentos da Operação Lava-Jato;
  • Lula tentou não demonstrar preocupação e disse que os problemas do governo dela têm origem na crise econômica e no que ele avalia ser a má condução da política pela equipe comandada pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. No entanto, Dilma insistiu que o grande celeuma de sua administração é a Operação Lava-Jato, que desgastou a imagem do PT e, consequentemente a sua e de seu governo, além de ter prejudicado a Petrobras, a principal empresa pública, considerada a menina dos olhos da presidente. Lula saiu do encontro bastante irritado com o que chamou de "teimosia" da presidente.

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