Existem na Câmara dos Deputados 18 projetos protocolados há mais de oito anos e que não chegaram ao plenário, exigindo licitação ou controle de Organizações Não Governamentais (ONGs) pelo Ministério Público. No Senado, há também um projeto que trata do mesmo tema. No entanto, as 19 proposições tramitam lentamente no
Congresso Nacional.
pode ser que agora, em meio à polêmica sobre irregularidades em repasses do Governo Federal, que já provocaram a queda de alguns ministros - mais um está na 'alça de mira' da presidente Dilma Rousseff, o ministro Carlos Lupi, do Trabalho - pode ser que os projetos saiam da gavetas Metade das propostas sobre ONGs que tramitam na Câmara está parada há
mais de quatro anos na Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF),
aguardando parecer do relator, o deputado Eduardo Barbosa (PSDB-MG);
Entre as propostas em tramitação na comissão está a que resultou da CPI
das ONGs, criada no Senado para investigar denúncias de desvios em
contratos de entidades privadas com o governo. O projeto enviado pelos senadores à Câmara exige que as ONGs realizem
prestação anual de contas ao Ministério Público dos recursos recebidos
por intermédio de convênios ou subvenções de origem pública ou privada,
inclusive doações.
Outra proposta parada na Comissão de Seguridade é de autoria do
ex-deputado Índio da Costa e aumenta os critérios para parcerias do
governo com entidades sem fins lucrativos, como a exigência de que a ONG
esteja em funcionamento há pelo menos cinco anos ininterruptos.
O projeto mais antigo sobre o tema ainda em tramitação na Câmara é de
2003 e prevê a criação do Cadastro Nacional das Organizações Não
Governamentais. Apesar de não ter sido aprovada no Congresso, a proposta
está em processo de implementação pela Controladoria Geral da União
(CGU);
Com ritmo mais avançado de tramitação, um projeto de lei do deputado
Francisco Praciano (PT-AM), protocolado em 2009, proíbe repasses de
recursos públicos de União, estados, Distrito Federal e municípios para
entidades dirigidas por políticos com mandato, seus cônjuges e parentes. O texto aguarda parecer do relator na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), “última parada” antes de ir a plenário.O presidente da Comissão Parlamentar Mista de Combate à Corrupção,
Francisco Praciano criticou a lentidão no trâmite dos projetos na Câmara: “As ONGs têm sido motivo de desvio de dinheiro no Brasil desde sempre.
Mesmo assim, o colegiado de líderes (que define a pauta de votações) não
se sensibilizou a fazer esses projetos andarem. Faz cinco anos que a
gente briga para avançar, mas o presidente da Câmara e os líderes não
avançam”; Para ele, as ONGs são importantes na prestação de serviços
sociais, mas precisam ser melhor fiscalizadas: “Não há dúvidas de que
essas entidades são necessárias. Não podemos demonizar as ONGs, mas tem
que ter controle”;
Um outro projeto, de autoria do ex-deputado Edmar
Moreira (PSDB-MG), exige licitação para a realização de contratos do
governo com ONGs. De acordo com a proposta, contratações efetuadas sem concorrência
serão nulas e a autoridade do Executivo responsável pelo convênio deverá
ressarcir o valor aos cofres públicos com juros, correção monetária e
pagar multa de um décimo do que foi ressarcido;
Depois das denúncias de que a maior parte dos desvios de dinheiro público trazidos ao conhecimento geral nos últimos meses, tendo como principais canais ONGs vinculadas aos partidos aos quais os ministros flagrados com 'a mão na botija', engordando as finanças das respectivas legendas legendas e de alguns militantes privilegiados, resta-nos saber se há ou haverá interesse dos parlamentares em criar mecanismos que dificultem o acesso que muitos deles têm aos recursos das ONGs, nem sempre tão 'não governamentais', pois vivem exclusivamente às custas do dinheiro público, ao seja, de recursos provenientes dos impostos pagos pelos cidadãos.
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