Transcrevo a seguir, por entender ser oportuno, artigo com o título acima de autoria de Carlos Lúcio Gontijo, poeta, escritor e jornalista:
A educação é
instrumento fundamental tanto para o desenvolvimento econômico quanto para a
evolução da cultura, carente de público que prestigie o teatro, o cinema, a
música instrumental, as artes plásticas, o artesanato e, principalmente, a
poesia e a literatura, que não têm como frutificar em ambiente de baixo nível
educacional, no qual prospera o domínio da imagem, com as pessoas entorpecidas
diante das telas de televisão, nas quais a excelência da autodefinição chegou
antes de se instalar uma grade de programação capaz de contribuir para a
formação de cidadãos autossuficientes e menos dependentes de ações e benefícios
governamentais em prol de sua sobrevivência.
Assisto aos
jornais perdendo leitores não pela concorrência direta da internet, mas pelo
fato de jamais terem trabalhado como deviam em favor de uma educação mais bem
estruturada, atuando como elemento de criação de gosto pela leitura. Contudo,
ao contrário disso, os veículos de comunicação impressa optaram por diminuir
seus espaços voltados a matérias opinativas e à promoção das artes, enchendo
suas páginas com noticiário relativo a crimes e exaltação a todo tipo de futilidades,
como se estivessem desnorteados com a perda do monopólio sobre a notícia,
ocorrido com o advento da internet.
Infelizmente,
nossos jornais se preocupam mais com a defesa de seus interesses financeiros,
comerciais e políticos do que com o destino da educação nacional. Em Minas
Gerais, por exemplo, os mesmos jornais que praticamente “encobriram” a greve
dos professores estaduais mineiros, que deixou alunos do ensino fundamental e
médio sem aulas por mais de três meses, atuou com extrema ligeireza na
divulgação de números – segundo o governo para exclusivo uso interno –,
dando-nos conta de que 28% dos professores se mostraram despreparados ao
responder questões aplicadas a alunos da rede pública de ensino, conforme
pesquisa feita por João Filocre, ex-secretário de Educação do Estado, na qual
os professores de física erraram 28%, enquanto os de português e geografia
naufragaram no percentual de 26%.
Todavia, é bom
lembrar que os levantamentos descortinados são oriundos da lamentável
constatação de Minas Gerais se nos apresentar como o Estado que pior remunera
seus professores, que recebem R$616,00 por 40 horas semanais. Rio Grande do
Sul, com R$791,00, e Rondônia, com R$950,00, são os que vêm a seguir no que diz
respeito ao descumprimento do salário mínimo, de R$1.187,00, estipulado pela
legislação para os professores públicos da educação básica, com a exclusão das
famigeradas gratificações e outros penduricalhos.
Dessa forma, não
nos causa espanto algum nos depararmos com professores sem recursos para a
busca de aprimoramento e reciclagem, acompanhados por tantos analfabetos
funcionais e tantos universitários que só leram na vida as obras literárias
indicadas para realização de vestibular e os livros técnicos necessários à sua
formação profissional, fenômeno que transforma o exercício do dom da palavra
escrita em fardo árduo de carregar entre os cipoais brasileiros da ignorância
fertilizados pela visão que toma o gosto pela leitura como uma pedra no caminho
do lazer, que tem na reflexão um elemento indesejável e distante de todo e
qualquer momento de alegria e prazer, como se o ato de pensar fosse sinônimo de
entretecimento e infelicidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não saia do Blog sem deixar seu comentário