Continuam os
homens públicos brasileiros – parecem que mais privados que públicos – não dando
ouvidos aos recados dados nas manifestações que levaram milhões de brasileiros
às ruas reivindicando mudanças no comportamento deles, ao lado de exigências
para o cumprimento de suas obrigações, ou seja, os governantes devolvendo com
obras e serviços os impostos pagos pelos contribuintes, algo que não tem
ocorrido e o que existe é precário, e os parlamentares para que votem as leis
que tratam das coisas que farão os sistemas atuais funcionarem de modo mais
adequado, em especial a legislação que trata eleitoral, bem como o fim de
mordomias escandalosas que nossos legisladores têm direito;
Mas parece
que alguns não entenderam nada. Ainda repercutem as notícias dando conta de que
os presidentes do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara, Henrique Alves, e
também o ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves (este, talvez por coincidência
primo de Henrique Alves), acharam normal viajarem em aviões da Força Aérea Brasileira
(FAB) em voos de caráter particular para assistir o jogo final da Copa das
Confederações e até para participar de festa de casamento. Flagrados pela
mídia, resolveram pagar pela utilização das aeronaves em valores bastante
discutíveis;
Nessa farra aérea
tentaram envolver o ministro Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal
Federal (STF) e relator do processo do ‘Mensalão do PT’, que condenou à prisão
altas figuras do partido do Governo, que também veio de Brasília e assistiu o
jogo Brasil x Espanha no Maracanã. O ministro viajou em avião de carreira com
passagem a que tem direito, como os parlamentares e outras autoridades, com o
detalhe de que mora no Rio de Janeiro, não tendo viajado exclusivamente para
participar de uma tarde esportiva e festejar o título do Brasil na Copa das
Confederações;
Outro que
foi flagrado também se valendo de viagens aéreas de caráter particular em
helicópteros do Governo foi o governador Sergio Cabral, do Rio de Janeiro, que
em entrevista chegou ao ponto de gaguejar tentando justificar um possível
direito de viajar semanalmente para sua casa de praia, acompanhado de babás e
até do cachorrinho Juquinha com despesas pagas pelos cofres públicos estaduais.
É muita cara de pau, levando-se em conta que uma hora de vôo custa, em média,
R$ 9.500,00. E Cabral se dá o direito de viajar de helicóptero do Leblon ao
Palácio das Laranjeiras, numa distância de apenas 10 quilômetros;
Para ‘melhorar’
o modo como os políticos enxergaram as manifestações, o Senado acaba de
rejeitar a aprovação de legislação que diminuía para apenas um o número de
suplentes de senador e que proibia a candidatura de parentes próximos para a suplência,
como hoje ocorre. Isso quer dizer que fica como está. Ainda bem que sepultaram
o famigerado plebiscito que tão apressadamente Dilma Rousseff queria, sabe-se
lá por qual razão, mas é bom que não se esqueçam de que o povo não está
dormindo. As conversas continuam pelas redes sociais e uma convocação para uma
marcha a Brasília pode ser feita em poucos dias para chamar esses políticos às
falas. É bom que fiquem atentos;
Em tempo: A Câmara e o Senado podem 'limpar a barra' imitando a Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Os deputados estuais mineiros aprovaram emenda à Constituição Estadual estabelecendo o
VOTO ABERTO em todas as votações em plenário, com os presentes podendo ver no painel como eles votaram. Afinal, os eleitores têm o direito de saber como votam seus representantes. Espera-se que o mesmo aconteça em todas as Casas Legislativas do País, bastando para isso que Câmara e Senado aprovem em sua totalidade a PEC 349/2001.
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