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16 de abril de 2012

'Rio' da corrupção tem muita água e desemboca em Delta

  • A Delta Construções encheu seus cofres no ano passado com R$ 862 milhões e 400 mil em recursos federais que pagaram obras em 20 Estados. A empreitada que mais rendeu para a empresa foi a manutenção de trechos rodoviários da BR-174 no Amazonas: R$ 105 milhões. Obras em cinco estradas federais no Maranhão fizeram do Estado natal e reduto político de José Sarney e sua família o segundo em que a Delta mais faturou, com R$ 66 milhões e 770 mil. Os dados podem ser encontrados no Portal da Transparência, do Governo Federal. Não por coincidência, as obras ficaram concentradas principalmente em Estados hoje governados por PMDB e PSDB. Alvo certo da futura CPMI do Cachoeira, a Delta é a principal empreiteira do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), principal carro-chefe da campanha que elegeu Dilma Rousseff, a construtora foi a maior recebedora de recursos do Governo Federal nos últimos três anos. E, segundo investigações da Polícia Federal, estaria articulada com Cachoeira para fraudar licitações em Goiás e no Distrito Federal;
  • Para deixar o Palácio do Planalto com o cabelo muito mais em pé, o contador de Carlinhos Cachoeira, sacou no ano eleitoral de 2010 R$ 8 milhões e 500 mil que saíram dos cofres da Delta. Geovani Pereira da Silva, único foragido da Operação Monte Carlo, segundo reportagem do jornal 'Folha de São Paulo', é apontado pela Polícia Federal como tesoureiro do esquema de Cachoeira e, de acordo com investigadores, seria o elo financeiro do grupo com políticos. Perícias em sigilo bancário feitas pela PF mostrariam que Geovani sacou os recursos de uma conta bancária em nome de uma empresa em Brasília chamada Alberto e Pantoja Construções e Transportes Ltda., que não existe no endereço declarado;
  • Outro fato que está fazendo a cúpula do Governo 'correr da sala para a cozinha e vice-versa' é a reportagem da Revista 'Isto É' desta semana trazendo a história do que a matéria chama de "principal articulador de uma ampla rede de gravações clandestinas que vem assombrando Brasília há pelo menos uma década", conforme aponta a Polícia Federal, um ex-sargento da Aeronáutica preso em uma unidade militar do DF, chamado de Dadá, e que, segundo a revista, teria montado "o maior esquema de espionagem da história recente do País", acrescentando que "ele serviu e ajudou a derrubar políticos influentes, como o ex-ministro José Dirceu. Teve participação ativa na gravação que revelou um esquema de corrupção e loteamento político nos Correios, que levou ao escândalo do Mensalão, e influiu na celebração de contratos públicos em diversos setores";
  • O procurador-geral da República Roberto Gurgel é um dos alvos mais desejados pelos parlamentares governistas excitados com a criação da CPI do Cachoeira. Eles planejam confrontar Gurgel com a suspeita de não tomar providências contra o jogo ilegal e o escândalo de corrupção revelado pela Operação Vega, da Polícia Federal, em 2007, com envolvimento de autoridades e até suposta compra de sentenças. Segundo dirigentes, PT também está ansioso para indagar de Gurgel, na CPI, por que não agiu quando soube que a investigação contra o contraventor Carlos Cachoeira havia “fisgado” o senador Demóstenes Torres (GO). Apesar das desconfianças petistas, Gurgel sempre garantiu que jamais deixou de cumprir suas obrigações;
  • Para dar mais dores de cabeça no Governo, os partidos de oposição preparam uma estratégia para levar o Mensalão do PT de volta à cena com a CPMI do Cachoeira. Entre os primeiros requerimentos, a oposição pretende pedir a convocação do ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu (PT) e de seu assessor à época, Waldomiro Diniz, que, em 2004, aparece pedindo propina a Cachoeira em troca de facilidades em contrato do consórcio representado pelo empresário com a Loteria do Rio de Janeiro. A gravação da conversa foi em 2002, quando Diniz presidia a Loterj. Essa ligação Cachoeira-Diniz será usada como elo para uma eventual convocação de Dirceu. O líder do DEM na Câmara, Antonio Carlos Magalhães Neto (BA), tem repetido que o partido está pronto para o ataque. Já o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) suspeita da real intenção dos partidos em apurar a relações dos políticos com Cachoeira. "Estou começando a achar que PT e PSDB estão fazendo um acordo: você não investiga isso que eu não investigo aquilo", afirmou o senador. Então, é certo que virão por aí grandes emoções.

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