'Rio' da corrupção tem muita água e desemboca em Delta
- A Delta Construções encheu seus
cofres no ano passado com R$ 862 milhões e 400 mil em recursos federais que
pagaram obras em 20 Estados. A empreitada que mais rendeu para a empresa foi a
manutenção de trechos rodoviários da BR-174 no Amazonas: R$ 105 milhões. Obras
em cinco estradas federais no Maranhão fizeram do Estado natal e reduto
político de José Sarney e sua família o segundo em que a Delta mais faturou,
com R$ 66 milhões e 770 mil. Os dados podem ser encontrados no Portal da
Transparência, do Governo Federal. Não por coincidência, as obras ficaram
concentradas principalmente em Estados hoje governados por PMDB e PSDB. Alvo
certo da futura CPMI do Cachoeira, a Delta é a principal empreiteira do
Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), principal carro-chefe da campanha
que elegeu Dilma Rousseff, a construtora foi a maior recebedora de recursos do
Governo Federal nos últimos três anos. E, segundo investigações da Polícia
Federal, estaria articulada com Cachoeira para fraudar licitações em Goiás e no
Distrito Federal;
- Para deixar o Palácio do Planalto
com o cabelo muito mais em pé, o contador de Carlinhos Cachoeira, sacou no ano
eleitoral de 2010 R$ 8 milhões e 500 mil que saíram dos cofres da Delta.
Geovani Pereira da Silva, único foragido da Operação Monte Carlo, segundo
reportagem do jornal 'Folha de São Paulo', é apontado pela Polícia Federal como
tesoureiro do esquema de Cachoeira e, de acordo com investigadores, seria o elo
financeiro do grupo com políticos. Perícias em sigilo bancário feitas pela
PF mostrariam que Geovani sacou os recursos de uma conta bancária em nome
de uma empresa em Brasília chamada Alberto e Pantoja Construções e Transportes
Ltda., que não existe no endereço declarado;
- Outro fato que está fazendo a
cúpula do Governo 'correr da sala para a cozinha e vice-versa' é a reportagem
da Revista 'Isto É' desta semana trazendo a história do que a matéria chama de "principal
articulador de uma ampla rede de gravações clandestinas que vem assombrando
Brasília há pelo menos uma década", conforme aponta a Polícia
Federal, um ex-sargento da Aeronáutica preso em uma unidade militar do DF,
chamado de Dadá, e que, segundo a revista, teria montado "o maior
esquema de espionagem da história recente do País", acrescentando que "ele
serviu e ajudou a derrubar políticos influentes, como o ex-ministro José
Dirceu. Teve participação ativa na gravação que revelou um esquema de corrupção
e loteamento político nos Correios, que levou ao escândalo do Mensalão, e
influiu na celebração de contratos públicos em diversos setores";
- O procurador-geral da República
Roberto Gurgel é um dos alvos mais desejados pelos parlamentares governistas
excitados com a criação da CPI do Cachoeira. Eles planejam confrontar Gurgel
com a suspeita de não tomar providências contra o jogo ilegal e o escândalo de
corrupção revelado pela Operação Vega, da Polícia Federal, em 2007, com
envolvimento de autoridades e até suposta compra de sentenças. Segundo
dirigentes, PT também está ansioso para indagar de Gurgel, na CPI, por que não
agiu quando soube que a investigação contra o contraventor Carlos Cachoeira
havia “fisgado” o senador Demóstenes Torres (GO). Apesar das desconfianças
petistas, Gurgel sempre garantiu que jamais deixou de cumprir suas obrigações;
- Para dar mais dores de cabeça no
Governo, os partidos de oposição preparam uma estratégia para levar o Mensalão
do PT de volta à cena com a CPMI do Cachoeira. Entre os primeiros
requerimentos, a oposição pretende pedir a convocação do ex-ministro da Casa
Civil, José Dirceu (PT) e de seu assessor à época, Waldomiro Diniz, que, em
2004, aparece pedindo propina a Cachoeira em troca de facilidades em contrato
do consórcio representado pelo empresário com a Loteria do Rio de Janeiro. A
gravação da conversa foi em 2002, quando Diniz presidia a Loterj. Essa ligação
Cachoeira-Diniz será usada como elo para uma eventual convocação de Dirceu. O
líder do DEM na Câmara, Antonio Carlos Magalhães Neto (BA), tem repetido que o
partido está pronto para o ataque. Já o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP)
suspeita da real intenção dos partidos em apurar a relações dos políticos com
Cachoeira. "Estou começando a achar que PT e PSDB estão fazendo um
acordo: você não investiga isso que eu não investigo aquilo",
afirmou o senador. Então, é certo que virão por aí grandes emoções.
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