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6 de abril de 2012

No Ministério da Pesca, peixe pode virar mandioca

A ilustração de SponHolz fala por si
  • A notícia está circulando hoje na imprensa. O PSDB vai pedir ao Conselho de Ética da Presidência da República que também investigue a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, pela execução de um contrato com a ONG Pró-Natureza para criação de peixes em Brasília, que não saiu do papel. O jornal 'O Estado de São Paulo' mostrou, em reportagem publicada nesta quinta (Leia aqui), que durante a gestão de Ideli, o Ministério da Pesca liberou de uma só vez R$ 769.900,00 para a organização não governamental de um funcionário comissionado do governo de Agnelo Queiroz (PT-DF) implantar, no entorno de Brasília, um tanque para criação de tilápias. Acontece que 11 meses depois da liberação do pagamento, no lugar onde deveria haver a produção de peixes, existe uma plantação de mandiocas. Justificando o pedido, o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), declarou, ironizando: "É mais um fato que reforça a necessidade da investigação. Agora eles plantam peixes e colhem mandioca";
  • A situação da poderosa ministra está bastante conturbada. No início desta semana, o PSDB já havia acionado o Conselho de Ética para que instaurasse processo ético-disciplinar e investigasse Ideli pela compra de 28 lanchas-patrulhas adquiridas entre dezembro 2008 e março de 2011 pelo valor de R$ 31 milhões.'O Estadão' havia mostrado que um ex-dirigente da pasta, Karim Bacha, pediu à empresa contratada, Intech Boating Ltda., doação para a campanha de Ideli, e a empresa doou R$ 150 mil ao PT de Santa Catarina, que bancou cerca de 80% da campanha de Ideli ao governo;
  • Outro partido, o PPS, vai pedir ao Tribunal de Contas da União (TCU), por meio de requerimento à Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara, que o órgão de controle faça uma "devassa completa" nos convênios do Ministério da Pesca com organizações não governamentais. O líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR), também vai tentar convocar a ministra Ideli Salvatti para prestar esclarecimentos à comissão. "Esses convênios podem estar servindo de fachada para abastecer o caixa do PT", disse Bueno.  Documentos apresentados pela ONG ao ministério mostram que, antes mesmo de receber qualquer recurso, a entidade pagou R$ 75.900,00 para a Rover Consultoria Empresarial Ltda. elaborar um diagnóstico sobre a pesca no entorno. A nota fiscal foi emitida em nome de Gabriel Miranda Pontes Rogério, um chef de cozinha;
  • "O pessoal veio aqui uma vez no ano passado e ofereceu o projeto. Nós aceitamos e eles não apareceram mais. Achei que tinham desistido, mas têm 15 dias que voltaram e falaram que os tanques vão ficar prontos em julho. Parece que só agora o projeto foi aprovado e eles vão receber o dinheiro", informou o agricultor Joami de Souza Ramos, esclarecendo que nunca criou peixes, e muito menos participou de cursos ou qualquer atividade do projeto. Na chácara ao lado, incluída no rol de beneficiários do ministério, também não há sinal de tanques. Outros moradores do núcleo rural confirmam que nunca participaram de capacitações. O único viveiro no local é o de um sítio que está à venda e foi construído pelo próprio morador. O agricultor ainda aguarda os peixes do projeto para começar a criação;
  • Apesar de tudo que foi acima relatado e sem nenhum tanque pronto ou cursos ofertados, a Pró-Natureza solicitou em 28 de outubro do ano passado ao então ministro Luiz Sérgio (PT-RJ) um aditivo prorrogação de prazo de 16 meses e mais R$ 224.700,00. Segundo o ofício, os extras seriam para aprovação de novo cronograma. Pela proposta, entre dezembro e fevereiro de 2012 seriam oferecidos os cursos de capacitação e a obtenção das licenças e outorgas para a construção dos viveiros; abril a julho, período de construção e lançamento de edital para aquisição de material; agosto e setembro, primeiro ciclo de criação de peixes, e janeiro de fevereiro de 2013, término do primeiro ciclo dos peixes;
  • Por meio de sua assessoria, a ministra Ideli Salvatti afirmou que o convênio com a ONG não foi firmado durante sua gestão. A execução e a liberação dos recursos foram feitas pela ministra em cumprimento ao cargo que ocupava, diz sua assessoria da ministra. Para sossego de Ideli, o caso do (ainda) senador Demóstenes Torres surgiu em boa hora, pois a mídia está focada nas relações dele com o 'empresário' Carlinhos Cachoeira. No entanto, a ministra tem que ficar atenta, porque tem gente que está estranhando essa movimentação financeira esdrúxula do Ministério da Pesca, podendo algum figurão ligado ao Governo cair numa rede inesperada e ainda para o samburá dos 'malfeitos'.

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