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17 de abril de 2012

CPMI: 'Base aliada' vai tentar executar 'operação abafa'

Quem se habilita?
  • Está em andamento no Congresso uma “operação abafa” na CPMI do Cachoeira, a ser instalada nos próximos dias. Trata-se de uma das estratégias para poupar políticos de diversos partidos que foram citados na Operação Monte Carlo da Polícia Federal. O alerta partiu do Palácio do Planalto em face dos riscos de desgaste que poderão resvalar no Governo. O plano consiste em deixar de fora os deputados flagrados em escutas de conversas deles com integrantes do esquema de Carlinhos Cachoeira. São os casos dos governadores Agnelo Queiroz (PT-DF) e Marconi Perillo (PSDB-GO), além do ex-ministro José Dirceu, em face da ideia da oposição em trazer para a CPMI o caso de Cachoeira pagando propina a Waldomiro Diz, na época auxiliar direto do então todo-poderoso chefe da Casa Civil do ex-presidente Lula. Sobraria apenas o senador Demóstenes Torres, que teve cerca de 300 conversas telefônicas com Cachoeira grampeadas pela PF nos últimos três anos;
  • A “operação abafa” resulta da pressão da presidente Dilma Rousseff para que setores do PT defensores da CPI do Cachoeira tenham calma e não usem a comissão como palco de vingança, o que poderia causar danos políticos ao Governo. A posição não muito ostensiva de Dilma surgiu depois que ela conversou com Lula sobre a CPMI na última sexta-feira, em São Paulo. O esquema que está sendo montado no Congresso objetiva salvar os políticos, tentando fazer com que a CPMI se concentre em investigar Carlinhos Cachoeira e os empresários mais citados nos grampos da Polícia Federal, como Fernando Cavendish, dono da Delta Construções S.A. e Cláudio Abreu, representante da empresa no Centro-Oeste.Seriam poupados os tucanos Carlos Alberto Leréia (GO), que admitiu ser mesmo amigo de Cachoeira e saber que ele estava envolvido com o jogo ilegal, e Leonardo Vilela (GO), pré-candidato à prefeitura de Goiânia. Também ficariam de fora Jovair Arantes (GO), líder do PTB na Câmara, Sandes Júnior (PP-GO), Rubens Otoni (PT-GO), gravado em vídeo negociando financiamento de campanha com o empresário preso, e Stepan Nercessian (PPS-RJ), que tomou um empréstimo de R$ 175 mil do contraventor, todos citados nas gravações;
  • Enquanto isso, o líder do DEM na Câmara, ACM Neto (BA), afirmou ter a certeza de que o Governo usará sua imensa maioria na CPMI para impedir investigações mais profundas. Dos 30 titulares da CPI, os partidos de oposição vão nomear apenas 6, enquanto caberá ao Governo preencher as outras 24 vagas. Assim que for criada a CPMI, os partidos terão 48 horas para indicar os nomes que integrarão a comissão - 15 deputados e 15 senadores, distribuídos entre os partidos de forma proporcional ao tamanho das bancadas. A presidência será ocupada por um senador do PMDB, provavelmente o peemedebista Vital do Rego (PB), e o relator será um deputado do PT, para a qual está contado o petista Cândido Vacca rezza (SP);
  • O presidente do Conselho de Ética do Senado, Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), e os senadores Vital do Rego (PMDB-PB) e Humberto Costa (PT-PE) encontram-se nesta terça-feira, 17, com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, para pedir acesso ao inquérito que apura as relações de Cachoeira com políticos. A investigação está sob sigilo. De posse dos autos do inquérito, a principal arma da 'base aliada' será arguir que não há o que se apurar, pois o STF já está fazendo isso. Aí, os riscos de respingos no Governo seriam afastados.

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