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9 de setembro de 2010

Votar certo: o eleitorado também é responsável

Este é o título de um artigo autoria de Claudio Carneiro e publicado no site Opinião e Notícia, que transcrevo a seguir:

Há quem diga que existem dois tipos de eleitores: os que ainda não sabem em quem vão votar, e aqueles que, definitivamente, não sabem votar – e, por isso, fazem as piores escolhas. Eleitores desinformados estão sujeitos a toda sorte de assédio de políticos nem sempre bem intencionados: ouvem promessas que não serão cumpridas e têm a sensação de que ganharam alguma coisa – uma camiseta de campanha, um boné, um tapinha nas costas, santinhos – quando, na verdade, são os que mais perdem depois que são conhecidos os resultados das urnas.

A caça ao voto é um vale-tudo sem tamanho. Houve um tempo em que o eleitor ganhava dentaduras – a de cima antes de votar e a de baixo depois que seu candidato era eleito. E, para os portadores de deficiência, primeiro uma muleta e depois a outra. Ainda hoje, candidatos a cargos eletivos dão dinheiro para churrascadas regadas a cerveja para garantir uma dezena de votos – além de prometer vagas em escolas, milheiros de tijolos, vale gás e diversos mimos para conquistar o eleitor. A compra de votos, juridicamente tratada como “captação ilícita de sufrágios” pela lei nº 9.504, de 19/09/1997, é prática comum mas que – este ano – já deixou alguns candidatos fora da disputa.

É fato que a vitrine de candidatos também não é das melhores. O que sobra em quantidade falta em qualidade. Sem querer ser didático, o Opinião e Notícia decidiu colaborar com a parte mais distraída do eleitorado na árdua tarefa de fazer suas escolhas. O objetivo é dar sua contribuição para o processo eleitoral que – todos nós concordamos – ainda precisa de ajustes. Afinal, este ano não vamos escolher somente o presidente e seu vice. Mas também governadores e vices, senadores (e suplentes), deputados federais e deputados estaduais. Daqui a dois anos tudo recomeça com eleições para prefeitos e vereadores. É muita responsabilidade. E muitos escrutínios – convenhamos.

Esta matéria abre uma série sobre as eleições de 2010. A cada semana, sempre às segundas-feiras, será abordada uma destas categorias demonstrando as responsabilidades, atribuições e excessos de benefícios de cada cargo – além do salário, deputados, por exemplo, têm direito a verba para manter o gabinete, auxílio-moradia, verba indenizatória, cotas telefônica e postal, passagens aéreas e subsídios com publicações e combustível. Uma farra que pode custar mais de R$ 100 mil por mês!

Voto eletrônico com efeito de cadeira elétrica

São muitos os interesses que envolvem aquele simples ato solitário de digitar alguns números e apertar a tecla “Confirma”. Muitos brasileiros são contrários, por exemplo, ao voto obrigatório. Se pudessem, passariam o 3 de outubro na praia. Outros acham – e estão equivocados – que seu voto vale pouco ou quase nada. A praia ficaria lotada. Tem eleitor que acredita em todas as promessas de campanha, mas tem gente que desconfia até do voto eletrônico.

Auxiliar de serviços gerais – uma espécie de faz-tudo dentro de uma empresa –, a maranhense Raimunda Serra deixou seu estado em direção ao Sudeste com a impressão – quase certeza – de que esta inovação eleitoral não é tão segura e inviolável quanto se diz. “O candidato prometeu um emprego pra mim e outro pra minha prima. Depois da eleição, ele apareceu com um papel impresso provando que ela votou nele e eu não. Fiquei sem o emprego. Foi um choque”, revela. Coincidência ou não, o Maranhão será um dos primeiros estados equipados com urnas de identificação biométrica já nestas eleições. A identificação do eleitor será por impressão digital e não por nome.

Fruto da mobilização popular de 1,3 milhão de assinaturas – e não de iniciativa da classe política como muitos querem fazer crer – um dos grandes avanços desta eleição é a adoção da lei Ficha Limpa, que tem como objetivo melhorar o perfil dos candidatos a cargos eletivos, deixando de fora os que mancharam sua história parlamentar com falcatruas e compras de voto, por exemplo. Como requer a Constituição, era necessário que 1% do eleitorado assinasse o pleito para que o Ficha Limpa fosse levado à votação na Câmara e no Senado. É um grande avanço que nos livrou de Paulo Maluf, Joaquim Roriz, Cássio Cunha Lima entre 338 vilões da política brasileira.

O fato é que não existe uma regra para escolher o melhor candidato. Mas o eleitor tem o dever de analisar o currículo, as intenções e os antecedentes daquele “santinho” que tem em suas mãos. Um bom candidato, por exemplo, pode ser aquele que demonstre combatividade e empenho pelas causas que identificamos como prioritárias. Mas não somente isso. Quem sabe se o eleitor “gugar” o nome encontra um currículo de boas histórias ou sombrias revelações…?

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