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25 de setembro de 2010

Sanguessugas: 39 acusados por CPI são candidatos. 5 são do RJ

O site Congresso em Foco informa que dos 72 parlamentares que tiveram pedido de indiciamento proposto pela CPI dos Sanguessugas em 2006, 39 são candidatos nestas eleições. Desses, 27 respondem a processo na Justiça Federal de Mato Grosso, onde tramita a maioria das ações contra a chamada máfia das ambulâncias. Entre os candidatos, oito foram absolvidos pelo Conselho de Ética da Câmara ou do Senado, dois tiveram contra si parecer pela cassação, mas não foram julgados pelo Plenário por causa do fim da legislatura, enquanto os demais não tiveram seus casos concluídos pelo colegiado. O 'Congresso em Foco' procurou todos os 39 e publica, a seguir, a situação de cada um deles, com as respectivas acusações e defesas. Destacamos a seguir os candidatos do Rio de Janeiro que aparecem como integrantes desse "seleto" grupo:

FERNANDO GONÇALVES (PTB-RJ), candidato a deputado federal

Responde a processo (14674-67.2009.4.01.3600) que tramita na Justiça Federal de Mato Grosso pelos crimes de quadrilha ou bando, corrupção passiva de lavagem de dinheiro. Foi um dos deputados denunciados pela CPI dos Sanguessugas. Terminou o mandato sem que seu caso tivesse parecer do Conselho de Ética. Não se reelegeu em 2006, mas chegou a exercer o mandato na atual legislatura na condição de suplente.

Acusação e defesa

O ex-deputado foi acusado pelo empresário Luiz Antônio Vedoin de receber comissão de 10% sobre o valor das emendas que beneficiavam a Planam. Vedoin disse que conheceu o parlamentar em 2001, quando repassou um ônibus médico-odontológico no valor de R$ 54 mil. No ano seguinte, segundo o empresário, o petebista recebeu R$ 310 mil em comissões, por meio de um assessor e do irmão de seu chefe de gabinete. Darci Vedoin declarou à Justiça de Mato Grosso que o gabinete do parlamentar fazia contato com prefeitos para fraudar licitações. Em defesa entregue à Câmara, Fernando Gonçalves negou ter feito qualquer acordo com a família Vedoin. O petebista admitiu ter usado, por empréstimo, um ônibus médico-odontológico durante sua pré-campanha eleitoral na Baixada Fluminense. Segundo ele, não havia na época qualquer suspeita de envolvimento dos empresários com fraudes. O ex-parlamentar disse, ainda, que nenhum de seus assessores se reuniu com representantes da Planam ou das prefeituras envolvidas. Procurado pelo 'Congresso em Foco', disse por meio de sua assessoria que não tem e nunca teve qualquer relação com a máfia das ambulâncias. “O nome dele apareceu porque ele apresentou emenda. Mas quem faz licitação é prefeitura, e quem manda dinheiro é o Ministério da Saúde”, informou a assessoria, que diz estar confiante na eleição de Fernando Gonçalves: “Quem planta o bem colhe o bem”.

JOÃO MENDES DE JESUS  (PRB-RJ), candidato a deputado estadual

Responde a processo (17500-37.2007.4.01.3600) na Justiça Federal de Mato Grosso pelos crimes de quadrilha ou bando, corrupção passiva e violação do sigilo funcional. Foi um dos deputados denunciados pela CPI dos Sanguessugas. Terminou o mandato sem que seu caso tivesse parecer do Conselho de Ética. Não se reelegeu em 2006. Elegeu-se vereador no Rio em 2008.

Acusação e defesa

O ex-deputado foi acusado pelos empresários Luiz Antônio Vedoin e Ronildo Pereira Medeiros de receber 10% de comissão em troca de emendas que seriam executadas por empresas envolvidas na “máfia das ambulâncias”. Vedoin acusou o então parlamentar de negociar detalhes da fraude das licitações com prefeitos de três municípios fluminenses. Segundo ele, João Mendes recebeu R$ 85 mil em espécie e outros R$ 20,4 mil por meio de depósito na conta de um assessor. O empresário disse que o parlamentar fluminense recebeu ainda R$ 35 mil de comissão por uma emenda que financiou a compra de dois veículos de inclusão digital para o Instituto Brasileiro de Estudos Especializados (Ibrae); e R$ 70 mil por emenda para compra de dois ônibus com equipamentos de informática para o Intedeq. Em defesa entregue à Câmara, o ex-parlamentar negou qualquer contato com a família Vedoin e acusou o ex-assessor de agir em conluio com a Planam sem o seu conhecimento. Os encontros entre o assessor e representantes da empresa, segundo João Mendes, ocorriam em dias em que ele não estava em Brasília. "Depois das negociações com a quadrilha, o assessor filtrava os pedidos de emenda encaminhados ao parlamentar", afirmou. Procurado pelo 'Congresso em Foco', o hoje vereador negou qualquer relação com a família Vedoin e disse que sua candidatura a deputado estadual existe apenas no papel. “Ele nem aparece no horário eleitoral, não faz campanha. Candidatou-se por pressão do partido. Ele é candidato, sim, à reeleição de vereador em 2012”, informou a assessoria.

PAULO FEIJÓ (PR-RJ), candidato a deputado federal. Era do PSDB

Responde a processo (11894-28.2007.4.01.3600) na Justiça Federal de Mato Grosso pelos crimes de quadrilha ou bando, corrupção passiva e de lavagem de dinheiro. Foi um dos deputados denunciados pela CPI dos Sanguessugas. Terminou o mandato sem que seu caso tivesse parecer do Conselho de Ética. Não se reelegeu em 2006.

Acusação e defesa

O ex-deputado foi acusado de receber comissão em troca de emendas que seriam executadas por empresas envolvidas na máfia das ambulâncias em municípios do Rio entre 2003 e 2004.  Segundo o empresário Luiz Antonio Vedoin, as entidades beneficiadas foram indicadas por Feijó em troca de valores não fixos, repassados à mulher do parlamentar e outras duas pessoas. Em defesa entregue à Câmara, o ex-parlamentar afirmou que conheceu o empresário Darci Vedoin, pai de Luiz Antonio e sócio da Planam, em 2002. O empresário, segundo ele, havia se apresentado como “assessor parlamentar” de prefeituras fluminenses e tentado convencê-lo a mudar o destino de emendas. Feijó afirma que não aceitou a proposta. Ele também negou ter conhecimento dos depósitos citados por Vedoin.

REINALDO BETÃO  (PR-RJ), hoje candidato a deputado estadual. Era do PL, antiga denominação do PR

Responde a processo (6326-26.2010.4.01.3600) na Justiça Federal de Mato Grosso pelo crime de corrupção passiva. Foi um dos deputados denunciados pela CPI dos Sanguessugas. Terminou o mandato sem que seu caso tivesse parecer do Conselho de Ética. Não se reelegeu.

Acusação e defesa

O ex-deputado foi acusado pelo empresário Luiz Antonio Vedoin, da Planam, de receber uma comissão de 10% por emenda apresentada que beneficiasse as empresas da “máfia das ambulâncias”.  Vedoin disse ter conhecido Betão em 2003, por meio de um assessor do parlamentar. O empresário contou que entregou ao parlamentar um veículo zero quilômetro, transformado, posteriormente, em ambulância. O carro, avaliado em R$ 40 mil, foi transferido para o nome de Betão, segundo Vedoin. Em defesa entregue à Câmara, o ex-deputado disse que as acusações feitas pelo empresário careciam de prova e que jamais negociou emenda parlamentar. Afirmou que só teve um contato com Darci Vedoin, pai e sócio de Luiz Antonio, em 2003. Na ocasião, segundo ele, o empresário pediu a indicação de municípios que poderiam receber doação de ambulâncias.

VIEIRA REIS (PRB-RJ), candidato a deputado estadual

Responde a processo (484-65.2010.4.01.3600) na Justiça Federal de Mato Grosso pelos crimes de quadrilha ou bando, corrupção passiva e de lavagem de dinheiro. Foi um dos deputados denunciados pela CPI dos Sanguessugas. Terminou o mandato sem que seu caso tivesse parecer do Conselho de Ética. Não se reelegeu. Em 2008 elegeu-se vereador de Campos dos Goytacazes (RJ).

Acusação e defesa

O ex-deputado foi acusado pelo empresário Luiz Antônio Vedoin de receber comissão de 10% por emenda que beneficiasse as empresas da “máfia das ambulâncias”.  Segundo o empresário, assessores do ex-parlamentar acertavam o direcionamento de licitações com prefeituras do Rio. Ainda de acordo com a denúncia, o dinheiro era repassado a Vieira Reis após ser depositado nas contas de dois assessores do parlamentar. O empresário Darci Vedoin disse ter entregado, pessoalmente, R$ 10 mil em espécie ao então deputado. Em defesa entregue à Câmara, Vieira Reis acusou a CPI dos Sanguessugas de se guiar por denúncias “mentirosas”, com “vícios insuperáveis”, movidas por empresários que queriam “extorquir dinheiro de deputados e autoridades”. Segundo o ex-parlamentar, as emendas apresentadas por ele tinham como objetivo atender as necessidades da área de saúde em suas bases eleitorais. Ele afirmou ainda que o próprio Vedoin admitiu que suas emendas não chegaram a ser executadas.

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