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19 de julho de 2010

Dois pesos e duas medidas?

Duas cartas de leitores de 'O Globo' deste domingo (18/7) são bastante interessantes, uma vez que abordam temas diferentes, mas que se entrelaçam pelo que representam sobre o comportamento dos políticos brasileiros. Na primeira, da leitora Deborah Farah, do Rio de Janeiro, lemos: "Políticos honestos - O Brasil precisa, urgentemente, de políticos arrojados, inteligentes e, principalmente, honestos. Pessoas capacitadas para exterminar definitivamente a corrupção, essa praga que nos acompanha há mais de 20 anos, sempre culminando em assalto ao bolso do contribuinte. Políticos que não tenham comprometimentos, que não exerçam o toma lá dá cá. Estamos saturados de ver tantos parasitas com promessas mirabolantes, que se diluem logo após as eleições. Temos que lutar para que os maus políticos não se reelejam e que abram vagas para aqueles que só querem trabalhar em prol da população e não se locupletar com desvios de verbas públicas. Vamos banir os incapacitados que não nos deixam progredir e os ladrões que nos roubam todas as esperanças de um Brasil melhor";

A outra carta é de Luiz Paumgartenn, também do Rio, e diz o seguinte: "Ficha Limpa - Tudo bem, assinei o Ficha Limpa, mas tem alguma coisa errada. Ora, temos um presidente e sua candidata sendo multados o tempo todo e rindo das multas, e nada acontece? No Rio, até semana passada, eram páginas inteiras de jornais e muitos tempos de TV com propaganda dos feitos do governador candidato, que usava as inaugurações de obras (obrigação sua) para pedir votos para seu grupo político. Então, o que são abuso de poder econômico e usa da máquina pública que pensei estar restringido quando assinei a proposta da lei? Acho que antes do Ficha Limpa deveríamos ter a Justiça Certa, pois agora parece jogo de cartas marcadas, onde, aos amigos, as multas; aos inimigos, a inelegibilidade";

Tanto Deborah Farah como Luiz Paumgartenn estão cheios de razão. Seus desabafos refletem o que muitos brasileiros pensam sobre o comportamento principalmente de Lula, agora investido de "general eleitoral", com é chamado por sua candidata à sucessão. Como se sabe, o presidente da República não tem se limitado a fazer campanha no "horário do expediente", mas anda desobedecendo à legislação eleitoral e ainda rindo das multas irrisórias que recebe aplicadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que já totalizam seis. Também as decisões do mesmo TSE liberando alguns políticos "ficha suja" para que possam concorrer mesmo estando devidamente enquadrados na Lei da Ficha Limpa têm revoltado muita gente;

Agora, aparece o PT ameaçando processar a Vice-Procuradora Geral Eleitoral, Sandra Cureau, que está querendo enquadrar Lula e sua candidata na Lei Eleitoral pelos abusos cometidos. Sobre isso, o jornalista Ricardo Noblat conclui uma postagem em seu blog, reproduzindo artigo publicado na edição de hoje no O Globo, afirmando: "Um discurso de Dilma faz parte de um kit produzido e distribuído pelo governo com materiais de defesa do voto em mulheres – três mil livros, 20 mil cartazes e 215 mil cartilhas. Um senador pelo Amapá e sua mulher, deputada federal, foram cassados pela Justiça Eleitoral sob a acusação de comprarem dois votos – a R$ 26,00 cada um. Anteontem, Dilma advertiu a Justiça: 'Acho que não se pode na vida ter dois pesos e duas medidas'. Ela tem razão".

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