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26 de abril de 2010

Ser mesário ajuda a eleger fichas-sujas

Li um desabafo de um cidadão na seção de cartas de um jornal sobre os famosos fichas-sujas do Congresso que não aprovaram o projeto Ficha Limpa, de iniciativa de mais de 1 milhão e 500 mil eleitores, no qual se pretende barrar a inscrição de candidaturas a quem tenha processo na Justiça, valendo já para as eleições deste ano. O leitor do jornal lembra que a Justiça Eleitoral está com campanha na mídia incentivando os cidadãos a participar como mesários em 3 de outubro, dando exemplo de cidadania;

No entanto, ele se refere ao fato de que o Congresso Nacional ignora um clamor do povo, com os parlamentares não dando nenhum exemplo de cidadania ao empurrarem com a barriga a votação da lei que impediria a participação dos fichas-sujas nas eleições deste ano. Ele está chio de razão quando argumenta que para alguém se candidatar a algum cargo no serviço público, a pessoas precisa provar que tem "vida pregressa ilibada e imaculada conduta moral";

Pela legislação em vigor isso não é exigido dos políticos que se candidatem a cargos eletivos. Muitos deles são comprovadamente corruptos, mas como suas sentenças ainda não "transitaram em julgado", estão aptos a concorrer, ser eleitos e tomar posse. Se um candidato tiver sido condenado, por exemplo, pelo fato de haver sido condenado em face de ter cometidos alguns assassinatos, havendo ainda possibilidade de recurso, o registro de sua candidaturas não pode ser negado pela Justiça Eleitoral;

O tal leitor do jornal ressalta que os mesários vão trabalhar um dia inteiro para ajudar na eleição dessa gente. Por isso sugere que todos os mesários do Brasil façam um movimento contra essa jogada do Congresso em relação ao projeto Ficha Limpa, não comparecendo às seções eleitorais em 3 de outubro. Vai aí um exagero por conta da revolta de um cidadão, mas ele está chio de razão. O relevante serviço prestado à Pátria perde todo seu valor quando alguém se dedica gratuitamente a gastar um dia seu para eleger uma enorme quantidade de fichas sujas, que, quando eleitos, usam o cargo para se abrigar na impunidade que se transforma em impunidade.

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