Está causando revolta a decisão da bancada governista, encabeçada pelo PT e pelo PMDB, de provocar o adiamento da votação do Projeto Ficha Limpa. Já era de se esperar que dificuldades fossem impostas pelos maiores interssados em não verem aprovada uma lei que lhes criaria dificuldades para concorrer nas eleições de 3 de outubro buscando a reeleição e mantendo as regras atuais que lhes garente a famigerada imunidade parlamentar e consequente impunidade;
Com tantos mensalões (do PT, PSDB e DEM), não era de se esperar outro comportamento, em especial com a nova lei vigorando para para a eleição desde ano. Quando muito, depois de várias modificações que deixem meios para os fichas sujas poderem concorrer, a nova lei somente surtiria efeito em 2012, na eleição para prefeitos e vereadores. Nas seções de cartas de leitores dos mais diversos jornais, os protestos são veementes. Tudo em vão. Quem vota e aprova leis são os próprios interessados nelas, de nada valento a opinião de mais de um milhão e meio de eleitores de todo o país;
Por essas e outras, o colunista Luiz Garcia, na edição de hoje de 'O Globo", em artigo intitulado "A bancada da ficha suja" começa dizendo: "Senado e Câmara não vivem dias de alto prestígio na opinião pública. Dispenso-me de enumerar os motivos: este jornal não inclui entre seus leitores emigrantes recém-chegados de outro planeta". É verdade. Os escândalos surgidos a partir do pagamento de horas extras no ano passado e milhares de funcionários do Senado Federal durante o recesso parlamentar, quando, é óbvio, aquela Casa não funciona, diversas outras verdadeiras falcatruas foram surgindo, com o povo tomando conhecimento dos parlamentares, também na Câmara dos Deputados. Ninguém deve estar esquecido da farra das passagens áreas e dos atos secretos;
Luiz Garcia destaca em seu artigo: "Esta semana, PT e PMDB e outros partidos governistas torpedearam um requerimento de tramitação do projeto na Câmara em regime de urgência. Na prática, isso significa que o novo sistema não existirá nas eleições deste ano. E, caso seja aprovada uma emenda da bancada governista, fechando a porta apenas para os condenados em segunda instância, a lei será praticamente inócua". Parece um tanto estranho que a "base aliada" não está observando que tal atitude poderá detonar uma campanha que já mais de um milhão e meio de componentes contra esse comportamento, o que, certamente, trará reflexos à candidata governista;
O articulista chama a atenção para esse fato declarando: "O projeto coloca a bancada da oposição contra a do governo, com poucas exceções. Para deixar tudo bem explicado, seria boa ideia que opresidente Lula e sua candidata dissessem o que pensam a respeito. Não seria intromissão em assunto do Congresso: iniciativas tendo a ver com a qualidade da representação no Legislativo merecem uma tomada de posição de ambos". E Luiz Garcia conclui: "Basta terem a coragem de dizer o que pensam".
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