As seções de cartas dos leitores dos jornais são verdadeiras fontes de assuntos a serem comentados e discutidos. Muitos dos que se utilizam dos jornais para fazer seus desabafos são muito claros no que escrevem e alguns até demonstram elevada qualidade dos textos, superando às vezes aqueles que vivem da escrita. Mas o que interessa mesmo é o conteúdo de suas cartas. Hoje, por exemplo, Marcos Antônio Mesquita de Souza, de Barra do Piaraí (RJ), diz o seguinte:
"Se tem algo que não deixo de ler no GLOBO é a coluna Há 50 anos, no Segundo Caderno. Tanto na terça, dia 18, como na quarta, dia 19, parecia que as notícias eram atuais. No dia 18, foi citado que ilustres vereadores estavam viajando como meu, seu, nosso dinheiro (como dia Ancelmo Góis) para um importante festival em Mar Del Plata. Pois é, passariam-se 50 anos e nada mudou. Temos até ministro que patrocina orgia para 15 casais com dinheiro público. No dia seguinte, a coluna mostrou que se noticiava que o então chefe de polícia, coronel Barros Nunes, estava instalando postos policiais nas afivelas para combater contraventores, prevenir crimes e implantar projetos sociais. O que deu errado para, 50 anos depois, tudo ter recomeçado do zero? Político Brasileiro é como o personagem James Bond: muda o ator principal, mas a mentirada e sempre a mesma".
Vê-se, portanto, que nada mudou em meio século. Notícias de corrupção e impunidade de políticos, falta de segurança e consequente violência são idênticas às que são publicadas atualmente. Também vemos diariamente reclamações sobre os problemas na saúde pública, crescimento desordenado de favelas e, o que é pior, de políticos que exploram a miséria alheia para angariar votos. No recente e trágico episódio da Região Serrano do Rio de Janeiro, logo após regressar às pressas ao Rio para pegar uma carona no helicóptero com a presidente Dilma Rousseff para visitar Nova Friburgo, o governador Sérgio Cabral cuidou de jogar a culpa nos prefeitos e governadores anteriores por terem permitido que se construissem moradias em locais impróprios. Esqueceu que ele mesmo teve quatro anos para tomar providências que servissem para minorar os efeitos das enchentes. Ao contrário, não deu andamento a projetos já existentes;
A cada dia que passa é necessário que o povo tome conhecimento do desleixo com que é tratado pelos possuidores de mandato dado através do voto. São eles também responsáveis pela escolha de auxiliares diretos, em sua maioria colocados em funções das quais nada entendem, estando ali para preencher as "cotas" destinadas aos partidos que apoiaram aqueles que exercem os poderes. Falta ao povo se conscientizar de que tem nas mãos - num único dedo, para ser mais explícito - o poder de banir da vida pública aqueles que ainda hoje considera o eleitor como um mero integrante de seus "currais eleitorais". Está na hora de começarmos a virada. Em outubro de 2012 a limpeza já pode ser iniciada nas eleições municipais.
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