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26 de outubro de 2010

"O presidente sai desta eleição menor do que entrou"

Um fato que vem sendo motivo de muitas críticas é o comportamento do presidente Lula na campanha eleitoral. Como se sabe, nunca antes na história deste país um Presidente da República se atirou de corpo e alma bancando o papel de cabo eleitoral do candidato que fosse seu preferido à própria sucessão. Todos tiveram sua escolha, mas nenhum deles chegou ao ponto de abandonar o cargo e sair de palanque em palanque pedindo votos para seu escolhido e muito menos atacando qualquer adversário. Atualmente o que se vê é exatamente o contrário. Lula, que havia espantando todo mundo quando anunciou que seria presidente no "horário de expediente" mas que iria pedir votos para Dilma, foi mais além. Montou uma agenda de visitas oficiais nos mesmos locais onde haja algo programado para a campanha de sua candidata e acaba viajando pelo País "oficialmente" para depois subir nos palanques;

O comentarista político Merval Pereira escreve hoje em sua coluna no 'O Globo' lembrando que já diz em seu livro "O Lulismo no Poder" que "Lula tem demonstrado que é um político populista, que pensa na próxima eleição, enquanto o estadista pensa nas próximas gerações". As iradas declarações de Lula no episódio da bolinha de papel e do rolo de fita adesiva atirados em José Serra por petistas - dois daqueles que incitavam o grupo têm fotos espalhadas na Internet ao lado de Lula serem íntimos do presidente -, chegando a chamar Serra de farsante, demonstram muito bem o quando ele está engajado na campanha de Dilma, comportando-se como autêntico militante. Comportamento de magistrado, nem pensar!. Já houve as multas por campanha antecipada, ironizadas por Lula, e até a adoção do "horário de expediente" para depois entrar na campanha, agora abandonado para "tempo integral" nos palanques;

Merval Pereira diz ainda: "O próprio Lula, na primeira declaração depois de eleito em 2002, reconheceu em público a atitude 'republicana' do então presidente Fernando Henrique Cardoso durante a campanha presidencial, sem a qual ele poderia não ter sido eleito". Como se recorda, FHC, além de não sair pelo Brasil a fora subindo nos palanques do candidato do PSDB, o mesmo Serra, ainda ofereceu a Lula todo uma infraestrutura para uma tranquila transição, chegando a hospedá-lo na Granja do Torto, uma das residências oficiais da Presidência da República. Merval lembra, então: "Ao contrário do seu antecessor, que promoveu um processo de transição presidencial exemplar, o presidente Lula deixou claro desde muito antes do início oficial da campanha presidencial que o único resultado que lhe interessava era a eleição de sua sucessora";

Quando foi deputado federal, Lula não quis tentar a reeleição, alegando que não queria conviver com os "300 picaretas" que existiam, segundo ele, no Congresso Nacional. Agora, para eleger Dilma, muitos dos que ele chamava de "picaretas" estão no apoio a ela, além de outras belas "companhias", como Fernando Collor, Jader Barbalho, José Sarney, Renan Calheiros, Severino Cavalcanti e outros, daí ter inteira razão o senador eleito Aécio Neves ao declarar como Lula entrará para a história, apesar dos seus altos índices de popularidade.

Obs.: Na edição de hoje (27/10) de 'O Globo', na página 7, está publicado um artigo de Lauro Schuch, intitulado "Presidente ou Cabo Eleitoral?", que tem muito a ver com o tema desta postagem.

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