O Supremo é ou não uma casa política? |
A Câmara dos Deputados analisa um projeto
modificando o processo de indicação de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), estabelecendo que
as indicações para preenchimento de vagas no STF não sejam objeto de escolha
apenas do Presidente da República. Atualmente, os onze ministros são escolhidos
pelo presidente e passam por sabatina no Senado. De acordo com o texto do
projeto do deputado Rubens Bueno (PPS-PR), somente duas vagas seriam
preenchidas por indicação da Presidência da República. As demais seriam
indicadas pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), pela Ordem dos Advogados do
Brasil (OAB), pela Procuradoria Geral da República (PGR), além da Câmara dos
Deputados e Senado Federal. Segundo o autor da proposta, "o papel do STF é tão político quanto jurídico. Por
isso, ele deve ser independente";
A composição do STF, hoje, dá sempre margem
para que seja posta em dúvida a independência dos ministros, uma vez que dos
seus onze integrantes o Supremo tem nada menos que sete que foram indicados
pelo ex-presidente Lula - são oito, na realidade, pois Carlos Alberto Direito
era o sétimo mas faleceu e Lula indicou José Antonio Foffoli - e recentemente a
presidente Dilma Rousseff indicou mais um. São, portanto, oito que devem suas
indicações a presidentes de um mesmo partido político e dispondo de ampla
maioria no Senado para terem seus nomes aprovados;
O projeto do deputado paranaense, se
aprovado, já modificaria um sistema que hoje tira um pouco da credibilidade do
Supremo, pois as indicações nem sempre se orientam pelos preceitos da
Constituição Federal, que condiciona aos indicados que sejam possuidores de
conduta ilibada e notório saber jurídico. O ministro Toffoli, por exemplo, não
tem nada a se dizer sobre sua conduta como cidadão, mas quanto ao seu saber
jurídico consta em seu histórico ter sido reprovado em dois concursos para Juiz
de Direito. Hoje, ele tem o poder de anular sentenças de qualquer juiz do país.
Além do mais, sua indicação deveu-se ao fato de ter sido advogado pessoal de
Lula e do PT;
De qualquer modo, a proposta do deputado
Rubens Bueno é bem vinda, se bem que o ideal é o cargo de ministro dos
tribunais superiores obedecer ao mesmo critério do cargos de desembargadores
estaduais, que são o ápice da carreira de juiz, sendo uma espécie de promoção.
Somente desembargadores é que deveriam alcançar o cargo de juiz (ministro) da
Corte Suprema do país. Os ministros Cezar Peluso, nascido em 3 de setembro de
1942, presidente do STF, e Carlos Ayres de Brito, nascido em 18 de novembro de
1942, vice-presidente, foram indicados por Lula e já se aposentam
compulsoriamente no ano que vem ao completarem 70 anos. Se o critério não for
mudado até lá, sempre alguém irá desconfiar dos critérios de algumas sentenças;
Hoje, o site do jornalista Cláudio Humberto traz
as seguintes notas:
Ministra Ellen decide
antecipar aposentadoria
Ministros amigos de Ellen
Gracie confirmam que a ministra vai pedir aposentadoria no Supremo Tribunal
Federal antes das férias de julho. O pedido pode ocorrer, inclusive, nos
próximos dias. A gaúcha Ellen tem visitado frequentemente o Rio de Janeiro,
onde até comprou um apartamento no bairro do Flamengo. Será vizinha de Sérgio
Bermudês, um dos mais admirados advogados do País, que mora ali há anos.
Procura-se
Dilma soube a aposentadoria
precoce de Ellen Gracie pelo ministro Nelson Jobim (Defesa). E já procura uma
mulher negra para a vaga.
Últimos moicanos
Após a saída de Ellen Gracie, só
três dos onze ministros não terão sido indicados pelo PT: Celso de Mello, Marco
Aurélio e Gilmar Mendes. (Grifamos)
Altruísmo
Hoje aos 63 anos, a ministra
Ellen Gracie vai abrir mão de sete anos de magistratura. Se quisesse, poderia
ficar no STF até fevereiro de 2018.
Quarentena
Se quiser atuar como advogada,
Ellen Gracie pode requerer sua carteiras à OAB-RJ, mas terá de cumprir
quarentena de seis meses.
Obs: Os três ministros
grifados que não terão vínculos com o PT foram indicados da seguinte forma:
Celso de Mello (José Sarney), Marco Aurélio Mello (Fernando Collor) e Gilmar Mendes
(Fernando Henrique Cardoso).
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