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30 de maio de 2017

Troca-troca de ministros demonstra haver um ‘jogo de compadres’

A repentina troca entre os ministros da Justiça e da Transparência feita ontem pelo presidente Michel Temer é mais uma demonstração de que o chefe do Executivo busca de todos os modos conseguir uma blindagem para si e para os políticos que estão, como ele, às voltas com investigações sobre falcatruas que cometeram, no caso de Temer as reveladas pelas delações dos irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da empresa JBS. Já não era lógico que Osmar Serraglio, denunciado pelos irmãos Batista, fosse titular do Ministério da Justiça, e ficou mais nublada a intenção do presidente ao substitui-lo por alguém que é conhecido como um crítico à Operação Lava-Jato, Torquato Jardim, que passa a ser o superior hierárquico do diretor da Polícia Federal (PF), órgão que tem importante participação nas investigações dos casos de corrupção apurados pela operação comandada pelo juiz Sérgio Moro. Também aconteceram manifestações de funcionários do Ministério da Transparência contra a nomeação de um ministro investigado pela Lava-Jato;

Estranha-se, portanto, desejarem os implicados na Lava-Jato que Torquato Jardim ‘controle’ a PF, quando é notório que o órgão não tenha nenhum descontrole no que vem fazendo até agora. Daí, na se justificar que o novo ministro da Justiça diga que vai avaliar a necessidade de trocar o titular da PF. Convém ressaltar as reações contrárias aos dois ministros, como a da Federação Nacional dos Policiais Federais e da Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF). Como se recorda, há um diálogo entre os senadores do PSDB Aécio Neves e José Serra investigados pela Lava-Jato, articulando a saída de Serraglio da Justiça, porque ele não estava ‘segurando’ a PF. Também traz preocupação um vídeo de Torquato, logo após sua posse no Ministério da Transparência, pedindo aos ocupantes de cargos em comissão permaneçam nos seus postos, ressalvando, no entanto, que estejam ideologicamente alinhados com Temer, destacando que quem não pensasse dessa forma tivesse a dignidade de pedir exoneração. Diante disso tudo, só nos resta esperar a confirmação do lado sombrio desse troca-troca e qual será a reação do povo ante tal demonstração de um ‘jogo de compadres’ envolvendo gente de amplo leque partidário.

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