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1 de dezembro de 2012

'Rosemary, Rose, Rosa'

  • Mais uma vez estou transcrevendo artigo da jornalista Ruth de Aquino, este publicado na edição desta semana da revista 'Época', no qual ela aborda com muita propriedade o escândalo que envolve a poderosa ex-secretária particular de Lula, a já famosa Rose, que chefiava o Escritório da Presidência da República em São Paulo e que foi denunciada pela Polícia Federal por comandar uma verdadeira quadrilha de servidores públicos que se beneficiavam de medidas tomadas em favor deles próprios, de parentes e amigos, além de viajar pelo mundo a fora nas comitivas oficiais do ex-presidente:

Ruth de Aquino
Quando Rosemary saiu das sombras de seu chefe direto, Lula, e ficou mais famosa do que vilã de novela, ao ser demitida por Dilma, a fofoca correu o Brasil: “Sabia que ela era amante de Lula?”. Um amigo me dizia saber de fonte segura e insuspeita, do Palácio. Outro comentava apenas que era óbvio: “Eles viajavam juntos para todo lado, ela era uma secretária com superpoderes e com passaporte diplomático”.

O assunto começou a me dar asco. Creio que muitas mulheres já se viram em situação parecida. Foi promovida? É porque deu para o chefe. Viajaram juntos, foram para o mesmo hotel? É claro que transaram.

Inicialmente, nenhuma reportagem deixou claro que os dois teriam uma relação amorosa ou sexual. Mas todos os eufemismos foram usados. Rose é “amiga íntima” de Lula. Dona Marisa Letícia “não gosta de Rose”. Rose chama Lula de “tio”. Lula chama Rose de “Rosa”. Pedidos de Rosa para ajeitar a vida da filha e do ex-marido eram como ordens. Rose “rodou o mundo” com Lula. A Polícia Federal “gravou 122 ligações pessoais entre Rose e Lula”.

Não me interessa saber se o PR – sigla usada por Rosemary para tratar do então presidente em e-mails – e sua ex-chefe de gabinete em São Paulo trocavam carinhos. Se havia um caso consensual entre dois adultos, isso interessa apenas à ex-primeira-dama. A julgar pela ausência de Dona Marisa em evento do Calendário Pirelli, no Rio de Janeiro, onde Lula se aboletou sobre o decote de Sophia Loren, ele não escapará da CPI doméstica.

O importante para todos nós é que Rosemary, falastrona, não só pedia favores pessoais em nome de Lula. Para obter o que queria, ela se identificava como sua “namorada”. Se for verdade, e ela usou o sexo ou o amor como trampolim para defender interesses privados, isso é imoral, ilegal, irregular. Mulheres assim prestam um desserviço à categoria. E Lula, até que ponto ele permitiu que sua intimidade contaminasse suas decisões como líder político? Não é imoral apaixonar-se. Mas um presidente não pode misturar vida privada e pública, sob pena de, nas suas próprias palavras, “ser apunhalado pelas costas”. Dilma não gostou.



Até que ponto Lula deixou sua intimidade contaminar o Poder e, agora, acuar o governo Dilma?  

A imprensa sempre protegeu a vida particular de Fernando Henrique Cardoso e nunca fuçou suas aventuras ou romances extraconjugais. Era tabu falar de filhos de FHC fora do casamento, por ser um assunto estritamente privado. O adultério do senador Renan Calheiros só veio à tona porque havia uma empreiteira no meio do amorzinho com Mônica Veloso, a mineira que escancarou na Playboy os bens materiais de Renan. 

Esquecendo o lado picante – já que Rose não é nenhuma Mônica Veloso e nem com plástica seria convidada a posar nua –, os maiores estragos morais vêm do abominável “pequeno poder” de nossa República. Instalado por um governo queprometia ética, ética, ética. As revelações diárias da Operação Porto Seguro, da Polícia Federal, sobre as tramoias dos personagens envolvidos com o escritório da Presidência da República em São Paulo chocam, de certa maneira, até mais que o mensalão, um escândalo da alta política.

A Porto Seguro mostra a teia da baixa política. Um dos fios podres é a desmoralização de agências reguladoras. Com a indicação de Rose e a cumplicidade do senador “incomum” José Sarney, o Congresso aprovou raposas para regular os galinheiros. Foi o caso de Paulo Vieira, cuja incompetência técnica para dirigir a Agência Nacional de Águas (ANA) tinha sido atestada por especialistas.

Paulo chamou alguém do mesmo sangue, Rubens, para dirigir a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Os irmãos Vieira são acusados de coordenar um esquema de pareceres irregulares que favorecem amigos, senadores e parentes. Diplomas falsos, avaliações de faculdades no MEC, cargos apadrinhados em autarquias do governo, construções de portos e mansões particulares em ilhas de cabras e bagres. Violando regras e procedimentos. Rose e Paulo, amigos há dez anos, planejavam abrir um curso de inglês em São José dos Campos, Red Balloon (ou Balão Vermelho). É uma história muito brega, se não fosse perigosa.

Lula agora precisa explicar direitinho quem o apunhalou. Nunca antes na história um presidente foi tão traído. Duvido que fale antes da viagem de duas semanas que fará, a partir desta sexta-feira, para Paris, Berlim, Doha e Barcelona.

Há outra pergunta que não sai da minha cabeça. Qual foi o motivo da demissão fulminante de Rose?

1) um ato de coragem e retidão de Dilma por não compactuar com a corrupção?

2) um ato de irritação com uma personagem de cujo caráter Dilma suspeitava havia anos, tendo alertado Lula em vão?

3) uma manobra para evitar que Rose deponha no Congresso (governistas se opõem a sua convocação alegando que ela já foi demitida)?

Se a afobada Rose diz que não fez nada “imoral, ilegal ou irregular”, vamos dar a ela a chance de se defender. Não?

4 comentários:

  1. Aíiiiiiiii Sim...kkkkkkkk... A lorinha falou tudo!!E ainda tem muita lama submersa...afff!!!

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  2. Que a Dona Rose se defenda assim como se defenderam os mesaleiros, apesar de que seus advogados serão do mais grosso calibre e cobrem honorários a peso de ouro. Pode defender-se à vontade pois suas próprias feições, assim como seus atos já a condenariam, mas o pior de tudo é que muito provavelmente irá usar dinheiro publico para cobrir essas altas despesas o que significa que nós, o povo, estaremos mais uma vez sendo duplamente aviltados. É muito provável que a caixa preta do governo Lula/Dilma jamais seja inteiramente aberta, ainda bem, pois ai sim todos morreríamos de vergonha diante de cenas ainda mais grotescas e imorais.

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  3. Um absurdo este molusco que subiu na vida pisando em muitos pais de família, acabando com empresas paulistas, fechando muitas portas. Ele acha que o país é seu quintal e pode tudo, essa amante enfiada na Presidência da República, usando o poder da calcinha para indicar pessoas a cargos diversos e nossos jovens sequer conseguem emprego digno, os patrões agora usam a " pejotização", para burlar as leis e vamos reclamar com quem? A impressão que tenho é que os honestos estão em extinção. A dª Marísa Letícia me dá asco, a Rose ma causa mal estar, o molusco me faz recordar o lobo ruim que mora em mim, que faço de tudo para não alimentar, vontade enorme de morar no Japão.

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  4. O molusco que subiu na vida destruindo vários empresários paulistas e seus funcionários acha que o Brasil é o quintal de sua casa e faz o que bem quer.
    Essa Rose, Rosa, aproveitou para fazer e desfazer e a Dilma que precisou engolir o sapo, demitiu na primeira oportunidade a afamada florzinha.
    Os nossos jovens é que pagam a conta de um país que dá exemplos indignos, trabalham "pejotizados", sem os direitos que o molusco tanto brigou para conquistar, vamos reclamar com quem? Vontade enorme de residir no Japão,país com dignidade , honradez que nosso país infelizmente vai custar a ter.

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