Mais um 'assalto' aos cofres públicos praticado pelo Senado Federal
- Notícia divulgada hoje no site de notícias Estadão - Política, informa que o plenário do Senado Federal aprovou ontem um projeto
que livra os senadores da obrigação de pagar o Imposto de Renda (IR) não
recolhido sobre os salários extras, proposta que confirma um ato da Mesa
Diretora de setembro, pelo qual a Casa decidiu custear o imposto devido
pelos parlamentares sobre o 14.º e 15.º salários recebidos entre 2007 e
2011. Cada salário extra está atualmente em R$ 26 mil e 700, que é o teto do
funcionalismo público. Nenhum senador se manifestou no momento da
votação, que durou cerca de um minuto e foi conduzida pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-BA). A matéria, à espera da promulgação,
representa o pagamento de R$ 5 milhões, referentes a R$
64 mil cobrados para cada senador, excluídos juros, multa e correção
monetária. A conta pode ser maior para quem é parlamentar nos últimos
cinco anos. A mesma decisão do plenário abre margem para que a Advocacia-Geral do
Senado recorra à Justiça para reaver os recursos que a Casa bancou;
- A
discussão sobre a cobrança da dívida dos senadores começou em agosto,
depois que a Receita Federal enviou diretamente para cada parlamentar a
conta do imposto não descontado dos salários extras. Convém ressaltar que um ato do Senado, de 1995, estabelecia que o 14.º e 15.º salários tinham natureza
indenizatória, mas Receita Federal entendeu que a verba tem caráter
remuneratório, o que obriga a incidência da alíquota de 27,5% de Imposto
de Renda. Num primeiro momento, Sarney afirmou que cada um arcaria com sua
dívida, mesmo admitindo que a direção do Senado tenha falhado ao não
recolher o IR dos últimos cinco anos. Contudo, senadores pressionaram e
conseguiram, um mês depois, que a Casa assumisse a despesa. Mas, pelo que o Senado resolveu, os senadores não pagarão o IR, caindo a
conta no colo dos contribuintes, pois aquela Casa Legislativa não tem
receita própria, tendo suas despesas cobertas com recursos da União, ou
seja, através dos impostos pagos pela população;
- A notícia esclarece que os salários extras foram criados na década de 1940 para ajudar nas
despesas dos congressistas - que ficavam no Rio de Janeiro, então
Capital Federal - para que retornassem aos Estados de origem no fim de
cada ano. Em maio, o Senado aprovou uma proposta da senadora licenciada pelo Paraná, hoje ministra Gleisi
Hoffmann (Casa Civil), para acabar com o
pagamento de 14.º e 15.º salários. Pelo texto, o pagamento, em vez de
ser realizado no início e no fim de cada ano, seria feito apenas no
começo e no fim de cada legislatura, que é um período de quatro anos;
- Já os deputados federais, no entanto, esvaziaram a
sessão de votação sobre a extinção do pagamento de 14.º e 15.º salários
para os parlamentares e, por enquanto, vão garantindo R$ 53 mil a todos
os congressistas. Após ter sido aprovado no Senado, o Projeto de
Decreto Legislativo está desde maio à espera de apreciação na Comissão
de Finanças e Tributação da Câmara. Ontem, o assunto era o primeiro item
da pauta, mas a sessão não foi aberta por falta de quórum, uma vez que eram
necessários 17 deputados presentes à sessão da comissão. Há duas semanas, quando o assunto foi posto em votação, membros da
comissão esvaziaram a sala para que o fim da mordomia não pudesse ser
decidido.É isso mesmo. Na semana passada, a cena se repetiu, quando o deputado
Afonso Florence (PT-BA), relator do projeto, preferiu evitar polêmicas, não descartando a
hipótese de que se trate de manobra para adiar a votação. Florence e
outros parlamentares já abriram mão de receber o dinheiro extra. Em
conversa com líderes, o relator teve a promessa de que o fim da regalia
será apreciado no dia 14 de dezembro
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