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25 de agosto de 2012

Petistas brigam por causa de ocupação irregular no Jardim Botânico

  • Algo meio absurdo acontece no Jardim Botânico, tradicional horto do Rio de Janeiro. O presidente do órgão vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, Liszt Vieira, do PT, anunciou que na próxima segunda-feira, numa reunião no ministério, irá anunciar sua saída do cargo. A razão da exoneração de Liszt está na ocupação ilegal de grande parte do jardim, onde existem cerca de 600 moradias na área do horto. A regularização das famílias no local é defendida pela Secretaria de Patrimônio da União (SPU). "Estou decidido a deixar o cargo até o fim do ano. Não me sinto confortável. Comuniquei a intenção de sair e estou esperando a decisão da ministra Izabella Teixeira. Já cumpri o meu papel", afirmou o presidente do Jardim Botânico, que se diz inconformado com a probabilidade de regularização das residências;
  • O que chama a atenção é no conflito está outro petista, o deputado federal e ex-ministro Edson Santos (PT-RJ), do governo do ex-presidente Lula, que se apresenta como porta-voz dos moradores. "Minha família mora no horto há 58 anos, eu nasci lá, me considero um legítimo defensor da comunidade". A questão é que a tese do Liszt, de remoção das 600 famílias, está sendo derrotada", acrescentou o deputado. Para Liszt Vieira, a regularização das casas é ilegal e contraria interesses científicos e ambientais da instituição.O argumento é que o Jardim Botânico e seu Instituto de Pesquisas precisam se expandir, e que algumas casas ocupam áreas de rios e encostas, violando a legislação ambiental. A área de conflito é tombada desde 1973 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Mas a SPU sustenta que o conjunto paisagístico tombado não seria atingido pelo projeto de regularização;
  • O Jardim Botânico foi criado em 1808, com a desapropriação de um antigo engenho para construção de uma fábrica de pólvora e fundação do então Real Horto. O conflito fundiário é antigo. Na época, trabalhadores da fábrica e do parque foram convidados a morar na região. Houve autorizações de moradias por sucessivas administrações do parque e do Ministério da Agricultura, que era responsável pelo horto. Edson Santos disse que seu pai era faxineiro do ministério e ganhou sua casa;
  • Nota-se que nesse conflito existe uma luta entre petistas para ver quem tem mais poder e parece que o deputado Edson Santos está na frente nesta 'corrida'. Seu argumento de que sua família mora no Jardim Botânico há quase 60 anos pode ter até alguma consistência, mas se a ocupação for considerada irregular, o certo será a desocupação da área, seja qual for a filiação partidária dos moradores. Resta aguardar os próximos capítulos dessa novela, pois a saída de Liszt Vieira da presidência do órgão tanto pode ser por mero interesse técnico, mas tudo indica que existe por trás do conflito uma disputa de prestígio político em busca de maior espaço nas eleições de 2014.

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