Discussões entre Joaquim Barbosa e Lewandowiski geram desconfianças
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Joaquim Barbosa |
- As
sessões de julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) deveriam ser
momentos de elevado nível, quando os ministros profeririam seus votos em
cada ação baseados nas interpretações que teriam sobre cada caso, com a
visão jurídica de cada um deles, tão somente isso. Como são onze pessoas
diferentes, certamente haveria divergências, cabendo à maioria decidir
qual seria de decisão final. Pelo STF passaram nomes como os de Aliomar
Baleeiro, Nelson Hungria, Prado Kelly, Adauto Lúcio Cardoso e Paulo
Brossard, entre outros, no período da República;
- Durante
o Império, outros grandes nomes também dignificaram nossa Suprema Corte.
Todos os citados e muitos outros dispunham realmente de 'notável saber
jurídico'. Em sua atual composição, notamos que o STF tem ministros que
dispõem de real conhecimento de Direito, mas também tem alguns que ali
estão por critérios meramente políticos ou de afinidade com o presidente
da República que o tenha indicado e nomeado, como estabelece hoje nossa
Constituição, um deles com pouca experiência como advogado e até reprovado
em dois concursos para Juiz singular, Dias Toffoli;
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Ricardo Lewandowiski |
- Com a
existência da TV Justiça, transmitindo ao vivo as sessões do plenário do
STF, muita gente que possui TV por assinatura assiste os debates e as
votações dos ministros nas mais variadas ações. O Supremo deveria se
pronunciar apenas sobre questões constitucionais, como estabelece a alínea
a, do inciso I do seu Art. 102: "Compete ao Supremo Tribunal
Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I -
processar e julgar, originariamente: a) a ação direta de
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação
declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal".
No entanto, o STF tem julgado casos que ao ver de muitos deveriam ser
solucionados em instâncias superiores. Assim é que muitas vezes assistimos
até debates entre ministros sobre divergências entre eles em questões
assemelhadas a simples 'roubo de galinhas', expressão muito usada para
definir questões de pequena importância levadas à instância mais elevada
da Justiça brasileira;
- Quando
o Supremo julga casos de grande repercussão política, como o do 'Mensalão
do PT', muita gente toma conhecimento do andamento das sessões, porque
além da TV Justiça outros canais da TV aberta tão ampla divulgação do que
acontece no plenário. Agora mesmo assistimos com certa perplexidade uma
acalorada discussão entre dois ilustres ministros, Joaquim Barbosa,
relator da Ação Penal nº 470, a do 'Mensalão do PT', e Ricardo
Lewandowiski (revisor do relatório de Joaquim Barbosa). Pior que tudo são os
comentários, com muita gente começando a tomar partido a favor das
posições de Joaquim Barbosa, que está sendo chamado de verdadeiro Homem da
Lei, enquanto Lewandowiski começa a ser taxado de interessado em atrasar o
andamento do julgamento e até de estar, como isso, tentando indiretamente
favorecer os réus. O que se condena é o fato de estarem discutindo em
plenário algo que poderiam ser resolvido em reunião interna dos ilustres
magistrados;
- Em meio
a tudo isso há que se elogiar o desempenho do presidente do STF, ministro
Ayres Britto, que está conseguindo conduzir os trabalhos com bastante habilidade,
tendo também promovido entendimento entre os dois 'litigantes'.
Porém, transcrevemos a seguir a carta do leitor Moysés Bines, do Rio de
Janeiro, postada na seção de carta dos leitores na edição de hoje de 'O
Globo': "O julgamento dos réus do mensalão está tenso.
Divergências técnicas entre ministros que já deveriam estar há muito
superadas são ressuscitadas, recorrentemente. O provocador é sempre o
mesmo. Para quê? Para tumultuar, não há dúvidas. O que fica claro é que
não existem divergências técnicas, elas são inventadas. O que existe é o
inconformismo com a brilhante atuação do relator, Joaquim Barbosa, que
mesmo com problemas na coluna mantém uma postura ereta".
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