Senador Demóstenes Torres
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À
tragédia que tanto sofrimento e comoção provocou no Brasil, o
Ministério da Justiça reagiu propondo desarmar a população e já começa a
campanha. No entender do governo, se o MJ tivesse tomado igual medida
há um mês, o assassino Wellington Menezes teria ido a um posto de
arrecadação do Realengo e entrado na fila para entregar seu 38 com a
numeração raspada e o 32 produto de roubo. Outros bandidos, País a fora,
lotariam sedes de entidades, delegacias e quartéis para passar de suas
mãos leves para os braços da lei o arsenal que amedronta até a polícia.
Apesar
de atrasado, o governo federal parte em busca do tempo perdido e conta
com o apoio da população para levar espingardas e revólveres. A moda
pegou. O governo paulista faz a semana da troca de espadas de plástico
por gibis e o Congresso Nacional idealiza o segundo turno do plebiscito
do desarmamento, seis anos depois de o eleitor decidir que quer desarmar
os criminosos, não o cidadão de bem. Em sua pureza, essas autoridades
esperam que PCC, Comando Vermelho e congêneres declarem moratória
unilateral e deponham metralhadoras, fuzis, lança-mísseis, granadas.
Sendo
otimistas, ingênuos, imaginemos que o governo realmente acredita que
sociopatas, psicopatas, assassinos em série e outros sinônimos de
monstro se apiedem das futuras vítimas. Antes da barbárie, os desumanos
colaborariam com a segurança depositando abaixo de um logotipo de ONG as
armas que os catapultariam dos recônditos para as manchetes. É de um
surrealismo de tal forma gritante que parece conversa do coelhinho da
Páscoa com a Velhinha de Taubaté.
Na tragédia carioca, as duas
armas passaram por diversas campanhas e continuaram em poder do crime,
uma delas havia quase duas décadas. Bondosos, os proprietários das
demais vão sair das bocas-de-fumo, finalmente arrependidos, e doá-las ao
governo só porque o ministro quer. Esplanada brinca com a dor, ONG se
diverte com os números: seriam 16 milhões de armas no Brasil, 14 milhões
sob domínio de civis, mais da metade delas com bandidos. Como chegou a
esses dados? Na terra de Rivelino e Anderson Silva, é fácil convencer
com chutes.
Fecha-se o ciclo. A falta de políticas governamentais
se une à ausência de dados no terceiro setor, acobertadas pela leniência
integrante da anestesia nos quatro pontos cardeais. De Norte a Sul,
recolhem-se corpos pelas ruas, em cidades de todos os portes. De Leste a
Oeste, as drogas retiram os jovens do futuro e os atiram na sarjeta. O
tambor que produz o cadáver e a cocaína da qual se faz o crack entram no
Brasil pelas fronteiras que a inação mantém abertas para as diversas
modalidades de tráfico. Infelizmente, esse horror começa a fazer
palestra em sala de aula.
Psicopatas, latrocidas e traficantes
talvez rejeitem o pedido e não entrem na fila para depor o arsenal, mas
têm todos os motivos para esperar pacientemente na seção e votar “sim”
ao desarmamento. A Suíça, violentíssima e paupérrima, em plebiscito dois
meses atrás, derrotou com 60% dos votos a proposta de desarmar a
população. História semelhante à que ocorreu num país tropical
riquíssimo e tranquilo.
O autor é Procurador de Justiça e
senador (DEM/GO) e este seu artigo foi transcrito do Blog de Ricardo
Noblat
Airton, é impressionante o número de chutes que todos dão quando se refere a armas de fogo.
ResponderExcluirQuem garante a quantidade de armas que já entraram em Banânia desde o descobrimento?
Hipocrisia e oportunismo são a tônica desses boçais que acreditam que enrolam a população com conversa mole e muita estatística sem conteúdo.
O Brasil só vai mudar no dia em que esse povo se tornar realmente cidadão.
Enquanto isso, oremos para não sermos vítimas da bandidagem.