Depois da tragédia de Realengo, no Rio de Janeiro, provocada pelo louco Wellington de Oliveira, autor dos disparos que matou 12 crianças e feriu muitas outras na Escola Municipal Tasso da Silveira, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) está defendendo a volta da discussão sobre o desarmamento no Brasil. Para Wadih Damous, presidente da OAB do Rio de Janeiro, "o massacre da última quinta-feira deve servir como reflexão para os riscos que a sociedade corre com o livre acesso de cidadãos a armas de fogo". Damous acrescenta: "Talvez a sociedade brasileira tenha amadurecido do referendo para cá”. Ele avalia que a retomada do debate nacional sobre o desarmamento poderia ser feita inclusive com a convocação de um novo referendo, enfatizando: “Essa é uma discussão que merece ser feita democraticamente. Um novo referendo seria oportuno e democrático”;
Em 2005, em um referendo que perguntava “O comércio de armas de fogo e munição deve ser proibido no Brasil?”, cerca de 64% dos brasileiros disseram não ao desarmamento contra 36% que votaram pelo fim do acesso às armas. O resultado final do referendo de 2005 foi exatamente de 59.109.265 votos rejeitando a proposta (63,94%), enquanto 33.333.045 votaram pelo "sim" (36,06%). Na tristeza da tragédia que provocou verdadeira comoção nacional, era óbvio que surgissem propostas para trazer o tema do desarmamento de volta, mas não é tão simples assim;
O aconteceu em Realengo não é uma rotina no Brasil. O que se depreende do episódio é que realmente é fácil adquirir-se uma arma de fogo, e não precisa ser no comércio legal. Ao contrário, a facilidade maior está exatamente no comércio informal e ilegal. A pergunta é: sendo proibido ao cidadão comum comprar legalmente uma arma de fogo e munição, a venda ilegal vai ser rigorosamente reprimida? Pelo que hoje ocorre, é difícil acreditar nisso. Ainda não vemos, como alguns enxergam, um plano de desarmar o povo e dominá-lo institucionalmente;
Não é possível acreditar que o Governo vai fiscalizar as fronteiras e impedir definitivamente o contrabando de armas, que deixa traficantes com maior poder de fogo que os órgãos repressores, que deixa também assaltantes agirem com invasão de residências e estabelecimentos comerciais. De qual forma o cidadão vai poder se defender? Isso não tem hoje qualquer tipo de resposta, pois o Governo não tem condições para fazê-lo;
Espera-se que a ideia de outro referendo não seja uma mera vontade do Governo de ter oportunidade para ir a forra da derrota sofrida em 2005, quando o objetivo era que o povo votassem "Sim". Não é hora de aproveitar para politizar a tragédia que enlutou do o País.
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