A proposta
formulada pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), estabelecendo a
realização de um plebiscito para que o povo decida outra vez sobre o
desarmamento parece não ter sido bem aceita por considerável para da opinião
público e nem mesmo entre os parlamentares, tanto governistas como da oposição.
Até mesmo entre ministro de Dilma Rousseff há divergências quanto à
oportunidade para a realização da consulta popular. O maior entrave à proposta
de Sarney está nos indícios de oportunismo por causa da tragédia da escola em
Realengo (RJ), trazendo-se para discussão um assunto já definido no referendo
realizado com 2005, cuja decisão de mais de 60% do eleitorado foi considerada
como uma derrota do governo do PT. Há quem veja que na emoção das mortes de 12
crianças possa o Governo reverter um resultado que não teve o impacto da
extinção da CPMF, mas que representou uma derrota que não condizia com a
popularidade do então presidente Lula;
Não há como
querer por a culpa pelas mortes em em Realengo no fato de ser possível a compra
de arma de fogo e munição. Se for para culpar alguém seria lógico culpar o
próprio governo, pois cabe ao Estado fiscalizar a aplicação do Estatuto do
Desarmamento que está em vigor. Sem uma rigorosa fiscalização por parte dos
órgãos responsáveis, outros Welingtons de Oliveira continuarão comprando armas
no marcado paralelo e até nas casas legalizadas, pois quase nenhuma exigência é
feita a que queira adquiri-las. Se as normas forem cumpridas, menos armas serão
compradas. Mas a maior responsabilidade está nas armas contrabandeadas pelas
fronteiras - pelo Paraguai, principalmente - e até mesmo pelo litoral. Havendo
restrições para a compra legal, que ficará desarmado é o cidadão de bem que
queira se defender ou ao seu patrimônio. Quanto aos bandidos ou aos loucos como
Wellington, esse continuará se armando à vontade;
As seções de
cartas dos leitores de jornais muitas vezes refletem muito bem o que pensa a
população sobre determinados assuntos. Na edição de hoje de 'O Globo', por
exemplo, o leitor Sergio Martins Viana, do Rio de Janeiro, foi bastante
explícito: "Nova campanha de desarmamento
do cidadão soa, mais uma vez, como cortina de fumaça, para que as atenções
sejam desviadas dos problemas que afetam o país. Não será desarmando o homem de
bem que o Estado garantirá a sua segurança. Automóveis em mãos inadequadas
matam, diariamente, milhares de brasileiros, assim como drogas e a fome que
campeia pelo Brasil, de norte a sul, para não mencionar o total descaso com a
educação, a saúde pública e o erário. O acesso ás armas somente deve ser
permitido àqueles que, comprovadamente, estiverem qualificados e sem mácula em
sua folha corrida. Quanto à venda e tráfico ilegais, cabe ao Estado criar
mecanismos para que as restrições sejam aprimoradas, com punições severas para
o contraventor";
Precisa dizer-se
mais algo? Sergio Martins Viana já disse tudo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não saia do Blog sem deixar seu comentário