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13 de abril de 2011

Plebiscito para desarmamento é oportunismo

A proposta formulada pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), estabelecendo a realização de um plebiscito para que o povo decida outra vez sobre o desarmamento parece não ter sido bem aceita por considerável para da opinião público e nem mesmo entre os parlamentares, tanto governistas como da oposição. Até mesmo entre ministro de Dilma Rousseff há divergências quanto à oportunidade para a realização da consulta popular. O maior entrave à proposta de Sarney está nos indícios de oportunismo por causa da tragédia da escola em Realengo (RJ), trazendo-se para discussão um assunto já definido no referendo realizado com 2005, cuja decisão de mais de 60% do eleitorado foi considerada como uma derrota do governo do PT. Há quem veja que na emoção das mortes de 12 crianças possa o Governo reverter um resultado que não teve o impacto da extinção da CPMF, mas que representou uma derrota que não condizia com a popularidade do então presidente Lula;

Não há como querer por a culpa pelas mortes em em Realengo no fato de ser possível a compra de arma de fogo e munição. Se for para culpar alguém seria lógico culpar o próprio governo, pois cabe ao Estado fiscalizar a aplicação do Estatuto do Desarmamento que está em vigor. Sem uma rigorosa fiscalização por parte dos órgãos responsáveis, outros Welingtons de Oliveira continuarão comprando armas no marcado paralelo e até nas casas legalizadas, pois quase nenhuma exigência é feita a que queira adquiri-las. Se as normas forem cumpridas, menos armas serão compradas. Mas a maior responsabilidade está nas armas contrabandeadas pelas fronteiras - pelo Paraguai, principalmente - e até mesmo pelo litoral. Havendo restrições para a compra legal, que ficará desarmado é o cidadão de bem que queira se defender ou ao seu patrimônio. Quanto aos bandidos ou aos loucos como Wellington, esse continuará se armando à vontade;

As seções de cartas dos leitores de jornais muitas vezes refletem muito bem o que pensa a população sobre determinados assuntos. Na edição de hoje de 'O Globo', por exemplo, o leitor Sergio Martins Viana, do Rio de Janeiro, foi bastante explícito: "Nova campanha de desarmamento do cidadão soa, mais uma vez, como cortina de fumaça, para que as atenções sejam desviadas dos problemas que afetam o país. Não será desarmando o homem de bem que o Estado garantirá a sua segurança. Automóveis em mãos inadequadas matam, diariamente, milhares de brasileiros, assim como drogas e a fome que campeia pelo Brasil, de norte a sul, para não mencionar o total descaso com a educação, a saúde pública e o erário. O acesso ás armas somente deve ser permitido àqueles que, comprovadamente, estiverem qualificados e sem mácula em sua folha corrida. Quanto à venda e tráfico ilegais, cabe ao Estado criar mecanismos para que as restrições sejam aprimoradas, com punições severas para o contraventor";

Precisa dizer-se mais algo? Sergio Martins Viana já disse tudo.

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