Lula gastou
mais que FHC com publicidade no fim do mandato
Despesas feitas pelo governo petista em 2010 foram 70% superiores às do ex-presidente tucano em 2002
Lula gastou mais de R$ 10 bilhões em oito anos, mas falta de dados sobre governo FHC impede comparações
Despesas feitas pelo governo petista em 2010 foram 70% superiores às do ex-presidente tucano em 2002
Lula gastou mais de R$ 10 bilhões em oito anos, mas falta de dados sobre governo FHC impede comparações
O ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva (PT) gastou com publicidade no ano passado, o último de seu
mandato, 70,3% a mais do que seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso (PSDB),
gastou em 2002, quando encerrou os oito anos de seu governo.
Segundo dados que devem ser
divulgados hoje pela Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência, o
governo Lula consumiu R$ 1,629 bilhão em publicidade em 2010.O valor se refere aos gastos da
administração direta (os ministérios) e indireta (autarquias, fundações e
empresas estatais). Não há ainda informação disponível sobre o mandato de Dilma
Rousseff.
No seu oitavo ano no Planalto,
2002, FHC registrou gastos com publicidade de R$956,4 milhões, em valores
atualizados pelo índice de preços IGP-M. O cálculo foi feito pelo Planalto, que
não divulga valores nominais, exceto para 2010.
Lula é o primeiro presidente
para o qual há dados completos dos dois mandatos. A estatística oficial sobre
gastos de publicidade começou a ser produzida em 1998de forma precária. A Secom
divulga as informações de maneira regular desde2000.
Em oito anos no Planalto, Lula
registrou um gasto total de R$ 10,304 bilhões. É o equivalente a um terço do
total orçado para construir o trem-bala, projetado para o trajeto Campinas-São
Paulo-Rio e com custo estimado em R$ 33,1 bilhões.
Não há como saber qual foi o
gasto mensal do governo Lula no ano passado com publicidade. Essa informação
não é divulgada.
Ontem,quando o site do
Planalto mostrava os dados considerados só até 9 de dezembro,o gasto total no
ano era de R$ 1,101 bilhão.
Agora,com a contabilidade
final de 2010, sabe-se que a cifra atingiu R$ 1,629 bilhão - uma diferença de
R$ 528 milhões. Mas Lula não consumiu toda essa diferença nos seus últimos 22
dias.
Há um lapso entre os
comerciais serem feitos, veiculados, pagos e lançados na contabilidade oficial.
Não se sabe quanto é esse tempo, pois o governo não diz.
No segundo semestre do ano passado, todos os governos estavam impedidos de fazer comerciais - exceto os de real utilidade pública - porque se tratava de um período eleitoral. O veto não atinge as empresas estatais que concorrem no mercado.
Por causa dessa liberação, as
empresas do governo costumam fazer comerciais em períodos eleitorais. Em 2010,
o gasto das estatais foi de R$ 1,001 bilhão -61%de tudo o que a administração
federal investe em propaganda.
DADOS SECRETOS
A Folha indagou em março ao Planalto se poderia ter
acesso à lista dos valores pagos a cada um dos meios de comunicação que
veicularam propaganda federal. A resposta foi negativa.
"Os valores destinados a
cada veículo de comunicação não são disponibilizados para preservar a
estratégia de negociação de mídia promovida anualmente pela Secom com esses
veículos. Desnudar esses valores contraria o interesse público, uma vez que
implicará a perda de capacidade de negociação."
Nos dados divulgados, como tem
sido a praxe, são revelados os valores totais investidos em cada tipo de meio.
Assim, é possível saber que as TVs se mantêm como receptoras da maior parte do
bolo: tiveram 61% quando Lula assumiu, em2003; foram a 64% em 2010.
Jornais, emissoras de rádio,
revistas e outdoors perderam receita. Internet, cinema e mídia exterior (carro
de som, mobiliário urbano e TVs em aeroportos, entre outros) ganharam espaço.
A matéria serve para confirmar o quanto
os governos gastam em publicidade nem sempre com o objetivo de informar à
opinião pública o que está fazendo, mas sim com o propósito de fazer culto à
personalidade ou para fazer campanha eleitoral. No caso de Lula, a meta era
eleger sua sucessora,como ocorreu. Na verdade, quem faz a maior propaganda de
um governo é o próprio povo quando recebe um benefício que é obrigação do
Executivo realizar. Além dos objetivos personalísticos e políticos, a
publicidade governamental em excesso serve mesmo é para engordar os cofres dos
veículos de comunicação, sem falar em possíveis "retornos" de
pagamentos efetuados, tão comuns na história do País.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não saia do Blog sem deixar seu comentário