Será que o Senado cassa o mandato de Demóstenes Torres, dia 11?
- A
Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou hoje, por
unanimidade, relatório de 28
páginas no qual o senador Pedro Taques (PDT-MT) atestou a legalidade do processo
e afirmou que o parecer do Conselho de Ética propondo a cassação do
mandato do senador Demóstenes Torres por quebra de decoro parlamentar. O
parecer da CCJ será encaminhado ainda hoje para o plenário da Casa,
onde, em votação secreta, será definido o futuro do senador. Os líderes
pretendem votar o parecer quarta-feira que vem, dia 11. No relatório ficou explícito que Demóstenes
teve direito à ampla defesa. O pedido da cassação do senador goiano havia sido aprovado
pelo Conselho de Ética também por unanimidade;
- É
sempre bom lembrar que ele foi acusado de atuar no Congresso em favor dos
interesses do 'empresário da contravenção' Carlinhos Cachoeira, preso em
fevereiro sob a acusação de exploração de jogos ilegais e de envolvimento
com agentes públicos e privados. Caso a votação não seja realizada na
próxima semana, a decisão pode ficar para agosto, após o recesso
parlamentar que se inicia em 17 de julho. Se for cassado, Demóstenes
ficará inelegível por oito anos, contados a partir do fim de seu mandato.
Ou seja, não poderá se candidatar a nenhum cargo público até 2026. Além
disso, sem mandato Demóstenes perderá direito ao foro privilegiado de ser
julgado apenas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Eventualmente, ele
também poderá ter a prisão decretada por qualquer juiz de primeira
instância. As operações Monte Carlo e Saint-Michel, que investigaram
crimes de corrupção e fraude em licitações praticadas pelo bicheiro
Carlinhos Cachoeira, foram conduzidas por juízes de primeiro grau, que
determinaram mais de 80 prisões;
- Como se
recorda, no plenário serão necessários 41 votos, dos 81 possíveis, para
que Demóstenes perca o mandato. Embora a votação em plenário seja secreta,
alguns senadores já declararam que vão anunciar seu voto, e para isso
houve quem recorresse ao STF para garantir tal publicidade. Tudo isso
porque há rumores de que o senador goiano tem alguma chance de ser
absolvido no plenário do Senado, exatamente por força do voto secreto. Foi
o caso do senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), receoso de que o anúncio de
seu voto pudesse invalidá-lo. A sessão plenária, embora com o voto
secreto, é aberta à imprensa. Segundo sua defesa, Demóstenes vai insistir
na tese de que não mentiu ao negar envolvimento com Cachoeira, e pedirá
aos colegas para ser julgado não pelo que falou em grampos com o
contraventor, mas pelos seus atos como senador reeleito por Goiás, em
2010, com mais de dois milhões de votos. Demóstenes disporá apenas de 20
minutos, prorrogáveis por mais dez, para se defender em plenário, antes da
votação secreta que decidirá seu futuro. “Então, terei pouquíssimo
tempo para me justificar. Em decorrência disso, também, não
concederei apartes”;
- O
direito de defesa tem mesmo que ser garantido a qualquer pessoa, mas o
senador, orientado pelo seu advogado, Antônio Carlos de Almeida Castro,
conhecido como Kakay, sempre focando uma possível ilegalidade na
divulgação das conversas de Demóstenes com Carlinhos Cachoeira, deixando
de lado a real quebra do decoro parlamentar, que é o conteúdo das
conversas gravadas e divulgadas. Se Carlinhos Cachoeira vai pagar cerca de
R$ 15 milhões ao seu advogado Márcio Tomaz Bastos, ex-ministro da Justiça
no governo do ex-presidente Lula, mesmo que tenha tido seus bens
bloqueados, qual seriam os honorários a serem pagos pelo senador a um
advogado de celebridades, como é o senhor Kakay? No próximo dia 11, então,
vamos saber se o Senado vai pela moralidade ou se vai mais uma vez impor
seu corporativismo escondido sob o voto secreto.
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