A repentina troca entre os ministros da
Justiça e da Transparência feita ontem pelo presidente Michel Temer é mais uma demonstração
de que o chefe do Executivo busca de todos os modos conseguir uma blindagem
para si e para os políticos que estão, como ele, às voltas com investigações
sobre falcatruas que cometeram, no caso de Temer as reveladas pelas delações
dos irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da empresa JBS. Já não era lógico que
Osmar Serraglio, denunciado pelos irmãos Batista, fosse titular do Ministério
da Justiça, e ficou mais nublada a intenção do presidente ao substitui-lo por alguém
que é conhecido como um crítico à Operação Lava-Jato, Torquato Jardim, que
passa a ser o superior hierárquico do diretor da Polícia Federal (PF), órgão que
tem importante participação nas investigações dos casos de corrupção apurados
pela operação comandada pelo juiz Sérgio Moro. Também aconteceram manifestações
de funcionários do Ministério da Transparência contra a nomeação de um ministro
investigado pela Lava-Jato;
Estranha-se, portanto, desejarem os
implicados na Lava-Jato que Torquato Jardim ‘controle’ a PF, quando é notório que
o órgão não tenha nenhum descontrole no que vem fazendo até agora. Daí, na se
justificar que o novo ministro da Justiça diga que vai avaliar a necessidade de
trocar o titular da PF. Convém ressaltar as reações contrárias aos dois
ministros, como a da Federação Nacional dos Policiais Federais e da Associação
Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF). Como se recorda, há um
diálogo entre os senadores do PSDB Aécio Neves e José Serra investigados pela
Lava-Jato, articulando a saída de Serraglio da Justiça, porque ele não estava ‘segurando’
a PF. Também traz preocupação um vídeo de Torquato, logo após sua posse no
Ministério da Transparência, pedindo aos ocupantes de cargos em comissão permaneçam
nos seus postos, ressalvando, no entanto, que estejam ideologicamente alinhados
com Temer, destacando que quem não pensasse dessa forma tivesse a dignidade de
pedir exoneração. Diante disso tudo, só nos resta esperar a confirmação do lado
sombrio desse troca-troca e qual será a reação do povo ante tal demonstração de
um ‘jogo de compadres’ envolvendo gente de amplo leque partidário.
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