A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) da
Câmara dos Deputados em menos de uma hora de trabalho suspendeu a sessão que
iria discutir e votar hoje a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 227/16,
conhecida como “PEC de Eleições Diretas”. Sob protestos da oposição, o president e da CCJ, deputado Rodrigo Pacheco,
anunciou a suspensão da reunião devido ao início da Ordem do Dia no plenário da
Casa. Pelo Regimento Interno da Câmara, quando o plenário começa a votação da
pauta as comissões não podem deliberar sobre nenhuma matéria. Os oposicionistas criticaram a decisão do presidente da
Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de abrir a sessão do plenário com pouco mais de 50
deputados presentes. A CCJ volta a se reunir amanhã. A proposta em discussão,
de autoria do deputado Miro Teixeira (Rede-RJ), prevê a convocação de eleições
diretas no caso de vacância da Presidência da República, exceto nos seis
últimos meses do mandato. De acordo com a PEC, se os cargos de presidente e
vice-presidente da República ficarem vagos, a eleição deve ocorrer 90 dias
depois de aberta a última vaga. Se a vacância dos cargos ocorrer nos últimos
seis meses do mandato, a PEC estabelece que a eleição será feita pelo Congresso
Nacional em 30 dias. A aprovação da proposta é defendida pelos deputados da oposição, principalmente
depois da divulgação de denúncias envolvendo o presidente Michel Temer em
esquema de pagamento de propina e troca de favores com empresários do grupo
JBS, no âmbito das investigações da Operação Lava-Jato.
Os oposicionistas pedem
o impeachment de Michel Temer e querem evitar a possibilidade de o Congresso
escolher um presidente interino. Já a base aliada quer a manutenção do texto
constitucional vigente, que estabelece a realização de eleições indiretas em
caso de vacância dos cargos de presidente da República e vice. A PEC recebeu
parecer favorável do relator, o deputado Espiridão Amin (PP-SC). O relatório
precisa agora ser aprovado pela CCJ antes de ser apreciado pelo plenário da
Câmara. Para ser aprovada na comissão, o relatório pela admissibilidade da PEC
precisa ter maioria simples dos votos. A CCJ tem 65 membros. Os deputados da
oposição chegaram bem cedo no plenário da CCJ para garantir lugar na fila de
inscrição de fala e de apresentação de requerimentos. Um dos pedidos é para
inverter a ordem de votação, já que a PEC 227 estava na 13ª posição na lista de
71 itens da pauta da CCJ. Na tentativa de impedir a votação, os deputados
governistas só começaram a registrar presença depois que os parlamentares da
oposição conseguiram garantir o quórum mínimo para dar início à reunião.
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