Está comprovado que não é totalmente
necessário que se reúnam milhões de pessoas nas ruas para exigir uma ação positiva
por parte dos políticos, inclusive dos corruptos. Não há nenhuma dúvida sobre a
influência da pressão da opinião pública, através principalmente das redes
sociais, que fez o Senado Federal aprovar a lei contra o abuso de autoridade,
acatando o Projeto de Emenda Constitucional (PEC) de autoria do senador Álvaro
Dias (PV-SP) e relatado pelo senador Randolfe Rodrigues (REDE-AP), cuja redação
recebeu elogios do juiz Sérgio Moro e dos procuradores do Ministério Público
Federal (MPF). Por causa do mesmo tipo de pressão popular, o senador Roberto
Requião (PMDB-PR), relator da PEC original, que havia utilizado em entrevista
palavras de baixo calão colegas contrários ao rigor que seu relatório apresentava,
com riscos à continuidade da Operação Lava-Jato, também se curvou diante dos
protestos vindo da opinião pública. Ontem, outra decisão importante foi a aprovação
de uma PEC acabando com o famigerado foro privilegiado, atingindo nada menos
que 35 mil beneficiários desta aberração. É certo que o Senado correu para
tirar do Supremo Tribunal Federal (STF) os méritos da medida, pois a ministra
Cármem Lúcia, presidente da Corte, anunciara que o STF iria decidir sobre o
assunto, e já eram tidos como certos oito votos dos integrantes do colegiado. A
PEC ainda terá que ser votada no Senado num segundo turno, seguindo depois para
a Câmara dos Deputados, para passar também por duas votações. Se os deputados
alteram o projeto aprovado pelo Senado, ele retorna à Casa para novas votações,
mas por causa da grande pressão popular
é quase certo que os deputados não mexerão na PEC, pensando na reação do povo
já prevista para acontecer nas eleições do ano que vem. Quem escapar da
Lava-Jato antes do pleito terá grande dificuldade em se eleger. Então, é melhor
não desafiar o eleitorado.
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