Se há casos que
não faltam são os relativos à má gestão do poder público, independentemente da
situação da economia do país. Mesmo quando tudo está sob controle, a
incompetência administrativa de governos ou estatais mantém a população
desassistida. E o pior é quase sempre acontece com a parte mais pobre. Os casos mais típicos são: a incapacidade de organismos públicos
atenderem com eficiência a vítimas de catástrofes, como inundações e
desabamentos, e, o segundo, a virtual estagnação do saneamento básico, quando
executado e operado por empresas públicas, com poucas exceções. A economia
ainda não estava em estado de recessão, em quando, em janeiro 2011, uma
violenta enxurrada caiu sobre a Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro, em
especial nos municípios de Petrópolis, Teresópolis e Friburgo. Naquele que foi
considerado como o mais grave acidente desse tipo no país;
Como prova dessa ineficiência, o bairro Lagoinha, em Petrópolis, as
quedas de barreiras mataram duas pessoas e obrigaram 272 famílias a abandonarem
o local. Dessas, apenas 39 conseguiram o dinheiro prometido para adquirir novas
casas. Das restantes, algumas foram obrigadas a voltar a morar na casa
condenada. Há o sistema do “aluguel social”, que quando não atrasa, não é
atualizado. Hoje, com a crise fiscal, é bem provável que não esteja sendo pago.
Outra evidência da incapacidade administrativa de governos é o atraso em obras
de construção de novos imóveis para substituir os destruídos ou inviabilizados,
o mesmo ocorrendo na execução de projetos de contenção de encostas, isso quando
não se somam a tudo esquemas de corrupção montados por políticos e
empreiteiras, como na catástrofe da Serra Fluminense. Auditoria do Tribunal de
Contas da União (TCU) analisou 98 contratos de obras no Rio de Janeiro,
Espírito Santo e em Santa Catarina, estados em que há grande incidência de
desastres chamados de naturais. Dos contratos, apenas 18% estavam dentro dos
prazos. Não basta só serem vítimas de desastres naturais, porque também o poder
público se encarrega de aumentar o sofrimento de humildes pessoas. Tem muita
gente merecendo ir para atrás das grades.
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