O governador do Rio de
Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB), prestou depoimento ontem, na sede do Ministério
Público Federal (MPF) da capital fluminense, como testemunha de defesa do
ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), preso desde outubro do ano passado na
Operação Calicute. Como seria de se esperar, Pezão negou ter conhecimento sobre
qualquer repasse de propina a Cabral enquanto foi governador do estado, ao ser
questionado, em videoconferência, pelo juiz Sergio Moro, se Cabral já havia
feito algum comentário sobre as propinas. O governador confirmou que fez
reuniões com integrantes do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ), mas rechaçou
que tenha discutido repasse de propinas oriundas do esquema de Sérgio Cabral e
que envolvia conselheiros do tribunal presos na semana passada na Operação O
Quinto do Ouro. Ele comentou as acusações: "Essa reunião foi para cobrar
porque todos nós éramos cobrados tanto pela população, nos atrasos de obras e
pela demora na liberação de recursos que vinham de Brasília e que submetíamos
ao TCE. O motivo da reunião foi esse", disse Pezão, acrescentando
que vai processar quem o acusou de ser beneficiário de propinas em torno de R$
900 mil para pagamento de despesas pessoais. "Vou processar quem falou,
mas não tive acesso (à delação), quem falou que eu recebi",
acrescentou;
Em delação premiada,
Jonas Lopes Neto, filho do ex-presidente do TCE-RJ, Jonas Lopes, disse que o
governador teria recebido R$ 900 mil em recursos ilícitos por meio de seu
subsecretário de Comunicação, Marcelo Amorim. Mais uma vez Pezão
desmentiu: “É uma mentira deslavada. Eu nem conheço Jonas Lopes
Neto. O Marcelo já depôs. Eu tenho muita tranquilidade quanto a isso. Quem
conhece a minha vida, conhece o meu padrão de vida. Isso aí foge a qualquer
propósito. A única coisa que eu sei é que vou processá-lo pela mentira. Eu
tenho uma vida pública de 32 anos e vocês nunca vão me ver fazer uma ação como
essa”. Referente à suspeita de superfaturamento na terraplanagem do
Comperj, Pezão classificou de mentira. Perguntado se acreditava na inocência do
ex-governador Sérgio Cabral, de quem foi vice, e que atualmente está preso em
Bangu 8, Pezão respondeu: “Estão dando o direito dele se defender.
Eu convivi com o homem público Sérgio Cabral, com a família dele eu tenho um
profundo respeito. Se ele errou, cumpra as penas que têm de ser cumpridas”.
Pezão vai depor novamente à Justiça Federal hoje, desta vez ao juiz Marcelo
Bretas, titular da 7ª Vara Federal Criminal. Ele novamente será testemunha de
defesa de Sérgio Cabral em processo por corrupção, lavagem de dinheiro e crime
contra o sistema financeiro nacional dentro da Operação Calicute, um
desdobramento da Lava-Jato, realizada em novembro de 2016 e que levou Cabral à
prisão.
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