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11 de abril de 2017

Odebrecht joga sujeira no ventilador e deixa mal o ‘homem mais honesto do país’

Estamos aguardando uma explicação dos seguidores daquele que um dia disse que era “a alma mais honesta do Brasil”. Parece que ele foi flagrado “com as calças na mão”. A máscara caiu e o povo fica sabendo mais ainda qual é o grau dessa “honestidade”. É que o empresário Marcelo Odebrecht confirmou ontem ao juiz Sérgio Moro que “Amigo” era o codinome do ex-presidente Lula na planilha de propinas da empresa. Segundo ele, a entrega de valores a Lula era feita por Branislav Kontic, assessor do ex-ministro Antônio Palocci. O empresário confirmou ainda que Palocci intermediava as remessas de dinheiro para o PT e que ele era o “Italiano” na planilha de pagamentos. Guido Mantega, que sucedeu Palocci no Ministério da Fazenda, também teria passado a ser responsável pela movimentação de recursos para o PT, tendo sido batizado com o codinome de “Pós-italiano” ou “Pós-Itália”. O empresário confirmou todos os repasses anotados na planilha do Setor de Operações Estruturadas, que ficou conhecido como “Departamento de Propinas”. Odebrecht afirmou que as duas versões de planilhas do Setor de Operações Estruturadas, que registram repasses da empresa ao PT, são verídicas. A primeira, datada de 31 de junho de 2012, traz a informação de que havia R$ 23 milhões à disposição de Lula, identificado pelo codinome “Amigo”. A segunda, de 31 de março de 2014, aponta um saldo de R$ 10 milhões para o mesmo destinatário.

A diferença de R$ 13 milhões teria sido sacada entre os 21 meses que separam as duas versões da planilha. Os saques para Lula teriam sido identificados na tabela “Programa B”. Marcelo Odebrecht explicou no depoimento prestado ontem que “B” é uma referência a Branislav Kontic, que retirava o dinheiro em espécie e entregava ao ex-presidente Lula. Registrada com o nome “Programa Espacial Italiano”, a primeira versão da planilha foi apreendida pela Lava-Jato no e-mail de Fernando Migliaccio, um dos executivos do departamento de propinas da Odebrecht. Delator da Lava-Jato, ele entregou ao Ministério Público Federal (MPF) outras versões do mesmo documento, com registro de saques feitos ao longo do tempo, o que permitiu aos investigadores da Operação Lava-Jato conhecer, em detalhes, a movimentação. A planilha “posição italiano” indica a movimentação de R$ 128 milhões que, segundo a força-tarefa da Lava-Jato, teriam sido destinados ao PT e movimentados por Palocci. O saldo da conta era de R$ 79,5 milhões em 2012. Moro tem mantido os depoimentos da Odebrecht em sigilo. Argumenta que é preciso esperar que os conteúdos sejam liberados por decisão do STF.

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