Causa espanto o poder que o
ex-presidente José Sarney exerce na política brasileira? Ele foi um dos
articuladores civis do governo militar, apoiando um regime de exceção, mas
agora dá as cartas num regime democrático com o mesmo poder que exercia nos
governos dos generais. Sarney foi presidente da Arena e do PDS, partidos de
apoio ao regime de então. O ex-presidente Lula disse um dia que o político maranhense
era um ser especial e tinha de ser tratado com respeito, não sofrendo nenhum
tipo de restrição ou constrangimento no mundo político. O poder de Sarney
chegou ao ponto de vetar nomes de possíveis ministros do presidente Michel
Temer, como aconteceu agora com o convite feito ao deputado Pedro Fernandes
(PTB-MA) para o Ministério do Trabalho, que pertence a um grupo político do Maranhão
adversário de Sarney. Michel Temer “desconvidou” Pedro Fernandes a quem sugeriu
que fosse se entender com Sarney (o que foi negado) e pediu ao presidente
nacional do PTB Roberto Jefferson para indicar outro nome do partido, “dono” do
ministério, e quem vai assumir a pasta é a filha dele, deputada federal
Cristiane Brasil (PTB-RJ), cujo nome aparece numa delação premiada da Operação
Lava-Jato que está sendo investigada, com o agravante de que seu suplente é o
ex-presidiário e irmão do ex-governador Garotinho, Nelson Nahim (PSD-RJ), que
foi preso em junho de 2016 sob acusação de exploração sexual de crianças e
adolescentes na cidade fluminense de Campos de Goytacazes. Até este tipo de
problema o poder de José Sarney provoca. Até quando ele vai mandar no Brasil?
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