A Câmara dos Deputados é composta por 513 deputados federais,
com mandato de quatro anos, representantes do povo, eleitos pelo sistema
proporcional em cada estado, em cada território e no Distrito Federal. Em tese,
os ilustres parlamentares deveriam sempre tomar decisões que refletissem a vontade
da maioria da população que representam. Não é o que assistimos hoje em relação
á votação da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o
presidente Michel Temer pela prática de crime de corrupção passiva. Para se
livrar de um possível impeachment e até perda do mandato, Temer passou a
distribuir bilhões de reais em liberação de emendas parlamentares e de verbas
para realização de obras em redutos de deputados que se comprometam a rejeitar
o pedido da PGR, numa verdadeira compra de votos. São necessários dois terços dos votos (342) para que a
abertura do processo de impeachment seja recomendada para o Senado Federal
(abstenções e ausências são votos contra a abertura do processo). Aprovado no
plenário da Câmara, o pedido é repassado para o Senado, que é responsável pelo
julgamento propriamente dito, provocando o afastamento do presidente
pelo prazo de até 180 dias, podendo chegar à cassação do mandato. Recente pesquisa
indica que 167 deputados são favoráveis à aprovação do pedido, 112 são
contrários, 76 se dizem indecisos, e 127 não se pronunciaram (o presidente da Câmara
não vota). Ontem o Ibope divulgou o resultado de uma pesquisa na qual 81 % dos
entrevistados querem que o pedido seja aprovado, 14% são contrários, e 26%
estão indecisos. Se os deputados fossem votar de acordo com a vontade popular, seriam
416 votos pelo andamento do processo, 71 são contrários, e 26 ainda indecisos. Mas,
desde quando os políticos brasileiros são verdadeiramente representantes do
povo? Há algo a ser observado: os nomes dos votantes serão mostrados no painel
eletrônico e os que livrarem Temer só voltarão ao cargo se o eleitor votar
neles em 2018.
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