A diferença apertada de
votos – 263 a 227 votos (apenas 36 votos) – na Câmara dos Deputados, rejeitando
autorização para que o Supremo Tribunal Federal (STF) investigue o presidente
Michel Temer acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de haver
cometido crime de corrupção passiva, com base na delação premiada do empresário
Joesley Batista, presidente da JBS, demonstra que o presidente da República terá
a árdua tarefa de negociar principalmente com o chamado “baixo clero” para
manter uma base aliada que aprove das reformas de que ele faz tanta questão (da
Previdência e Trabalhista). Além da bilionária liberação de verbas e de emendas
parlamentares feitas até no próprio dia da votação, Temer se comprometeu a
distribuir inúmeros cargos em comissão após a aprovação do parecer da Comissão
de Constituição e Justiça (CCJ) daquela Casa Legislativa opinando pelo
arquivamento. E a cobrança já começou. Mas, o pior de tudo está na péssima imagem
do Brasil que a descarada compra de votos levada a efeito por Michel Temer mostrou
para o mundo, onde prevalece a ideia que todos os políticos brasileiros são do
mesmo nível. Estão por vir à tona outros pedidos de investigação contra Temer –
daqui a alguns dias a PGR vai indiciá-lo por tentativa de obstrução da Justiça,
com base na mesma delação – e o presidente terá de abrir o ”balcão de compra de
deputados” outra vez. Mas é bom que Michel Temer presta atenção ao que disse o ministro
Luís Roberto Barroso, do STF, quando ao se referir àquela votação: “A
operação abafa é uma realidade visível e ostensiva ao Brasil de hoje. Há os que
não querem ser punidos e há um lote pior, os que não querem ficar honestos nem
daqui para frente”. Vamos, então, ficar na expectativa de que o
ministro Barroso esteja falando em nome da maioria dos ilustres ministros que
integram a nossa maia alta Corte.
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