O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes
continua de posse do chaveiro do xadrez onde estão presos ligados ao sistema de
transporte coletivo no Rio de Janeiro. Ele concedeu, ontem, habeas corpus a
mais três pessoas ligadas ao esquema e presas pela Operação Ponto Final. O
ministro estendeu o habeas corpus e decretou medidas alternativas à prisão ao
ex-presidente do Departamento Estadual de Transporte Rodoviário (Detro) Rogério
Onofre, sua mulher Dayse Debora e David Augusto Sampaio, policial civil
aposentado, apontado como dono da Trans-Expert. No total, nove investigados daquela
operação já foram beneficiados por habeas corpus de Gilmar. Os investigados terão que comparecer em juízo para
informar e justificar atividades e estão proibidos de manter contato e de
deixar o país, além de entregar o passaporte. Eles também devem cumprir
recolhimento domiciliar noturno e estão suspensos de exercer atividades em
sociedades e associações ligadas ao transporte coletivo de passageiros. Na
última sexta-feira, Gilmar Mendes mandou soltar o empresário Jacob Barata
Filho, revogando a ordem de prisão que havia sido expedida na quinta-feira pelo
juiz federal Marcelo Bretas justamente após Gilmar Mendes ter concedido habeas
corpus ao empresário;
Também na sexta-feira, procuradores da Operação Lava-Jato
pediram o impedimento de Gilmar Mendes no caso do Jacob Barata, citando entre
outros fatos que sua mulher participa de escritório que advoga para a
família Barata, e que ele foi padrinho de casamento da filha do empresário. Gilmar
Mendes já se manifestou descartando qualquer possibilidade de se declarar
impedido: "Vocês acham que ser padrinho de casamento impede alguém de julgar
um caso? Vocês acham que isto é relação íntima, como a lei diz?”. Seja
como for, a lei que deveria prevalecer para um magistrado de nossa maior Corte
deveria ser a “Lei do Bom Senso”. Como se sabe, Jacob Barata Filho é suspeito
de envolvimento em um esquema que envolve empresas de ônibus do Rio de Janeiro
e o ex-governador Sérgio Cabral, no qual teriam pagado aproximadamente R$ 500
milhões em propinas. Jacob Barata Filho havia sido preso no aeroporto, quando
embarcava para Portugal apenas com passagem de ida. Esta passa a ser uma boa
oportunidade para a ministra Cármem Lúcia, presidente do STF, confirmar suas
recentes declarações – a mais contundente foi quando um dos implicados na
Operação Lava-Jato quis impedir que o Supremo levasse suas ações adiante e ela
afirmou: “Cala-boca já morreu” – e colocar em julgamento o pedido do
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pedindo o impedimento de Gilmar
Mendes no caso do Jacob Barata. Se nada for feito pelo Supremo, pode ser que desta vez o povo saia às ruas de modo nada pacífico.
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