Com o titulo acima, o jornalista,
compositor, escritor, roteirista, produtor musical, teatrólogo e letrista Nelson Motta publica artigo na edição de hoje de “O Globo” que
acho por bem transcrever alguns trechos e comentá-los. Ele começa afirmando: “Não são os coxinhas ou
mortadelas, comunistas ou neoliberais, progressistas ou conservadores, não é o
Gilmar ou a Lava-Jato. O inimigo público número um é a corrupção
institucionalizada: viramos uma cleptocracia. O TCU comprovou que cerca de 10%
dos benefícios da Previdência são fraudados, um prejuízo de R$ 56 bilhões, que
faz grande diferença no déficit avassalador que gera a maior parte da dívida da
União”. Infelizmente, Nelson Motta mostra um retrato atual do Brasil. Para
ele, não é só na Previdência, a sensação é que em qualquer ministério,
autarquia ou agência em que for feita uma auditoria rigorosa e uma investigação
policial profunda surgirão desvios assombrosos. Parece que o mensalão, o “Petrolão
do PT”, a Operação Lava-Jato, o Dnit, a Eletrobras, o BNDES, o Carf, os fundos
de pensão das estatais, as incontáveis operações da Polícia Federal (PF) “são
apenas as pontas do iceberg da corrupção institucionalizada que congela o
desenvolvimento e a justiça social. Se tornou um modo de vida, uma cultura
nefasta que inviabiliza o progresso da sociedade”;
Ele entende que a atual obsessão com o combate à corrupção é o clamor da
sociedade por uma ação judiciário-policial-econômica para proteger o dinheiro
do contribuinte e dar mais recursos ao Estado, é o dinheiro mesmo que interessa,
e que não é uma caça às bruxas, é um pragmatismo suprapartidário, por premente
necessidade. É o dinheiro que falta para financiar o desenvolvimento econômico
e a justiça social. Nelson Motta indaga: “Por que no Brasil são tão disputados os
postos de fiscal de qualquer coisa? Por que os políticos trocam votos para
fazer nomeações? Por que tantos funcionários concursados aderiram a partidos
políticos para facilitar promoções? Por que tantas categorias que servem ao
Estado aumentam os seus salários, se dão vantagens, e nós pagamos a conta?”
Por fim, ele declara que diante da evidência e dimensão dos rombos no
patrimônio público, a questão moral é quase secundária, embora seja a causa de
todos os prejuízos: a justiça é lenta, e o fundamental agora é recuperar o
dinheiro e impedir que mais seja roubado. “É o moralismo de resultados”, finaliza.
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