A ministra Cármen Lúcia,
presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça
(CNJ), defendeu o princípio da publicidade total na vida pública. “Não
existe República possível se as coisas não estiverem escancaradas”,
afirmou. Ela se manifestou em julgamento no CNJ sobre um pedido de providências
em que o Sindicato dos Servidores da Justiça de Tocantins (Sinjusto) solicitava
ao órgão que barrasse a publicação de informações sobre a produtividade de
servidores, juízes e desembargadores do Tribunal de Justiça do Tocantins
(TJ-TO). A ministra considerou que devem ser tornadas públicas todas as
informações acerca da produtividade de servidores públicos, de modo que possam
ser comparadas pelos cidadãos e que os próprios funcionários públicos possam melhorar
sua atuação. O entendimento dela prevaleceu no julgamento;
Cármen Lúcia divergiu do
voto da conselheira Daldice Santana, que havia concordado com o pedido de
providências para que as informações não fossem divulgadas, evitando assim
comparações e constrangimentos pessoais aos servidores públicos e aos
magistrados. Ao se posicionar a favor da divulgação integral das informações,
Cármen Lúcia usou o exemplo do STF, em que cada ministro tem publicado
periodicamente quantos processos não julgados possui em seu gabinete. “Todos
aqui presentes já viram que a minha sala hoje é filmada, o que eu escrevo, como
escrevo. E eu sei que estou no cargo. Se não quero participar, não devia, como
disse Sócrates, sequer ter o empenho de sair de casa. Quem cuida das coisas da
cidade, dá-se a público inteiramente”, disse Cármen Lúcia;
Para a ministra, o
princípio da publicidade na vida pública em todos os Poderes está claro na
Constituição. “A
vida em público, em uma república, se faz em público. Desde o dia 5 de outubro
de 1988, está no artigo 37 da Constituição que a administração pública direta e
indireta, de qualquer dos poderes da União, dos estados, do Distrito e Federal
e dos municípios, obedecerá aos princípios da legalidade, da moralidade e da
publicidade. Não precisava nem dessa Lei de Transparência”,
acrescentou.
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