Como ocorre diariamente, há assuntos novos surpreendentes
e outros que se repetem, de variadas formas. No caso da famigerada lista
fechada para se votar em parlamentares indiretamente, uma vez que o eleitor não
terá direito de escolher seu candidato preferido, José Antônio Domingues, do
Rio, leitor de “O Globo”, teve carta publicada na edição de hoje no seguinte
teor: “A pessoa entra no restaurante e pede o cardápio. O garçom, muito
atencioso, diz: ‘Não trabalhamos mais com cardápio. Trabalhamos, agora, com
lista fechada, ou seja, escolhemos o que o senhor vai comer. O senhor não
escolhe mais’. Nesse simples exemplo podemos avaliar o que o Congresso quer nos
impor. Isto tem nome: estelionato eleitoral, visando a livrar políticos corruptos
de punições, colocando-os na tal lista fechada”. Para que se tenha
ideia de como esse sistema tem mesmo interesses escusos para que tramite no
Congresso Nacional, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso já disse ser
contrário à medida, e divulgou recentemente um vídeo no qual incentiva maior
participação popular nas decisões de governos e do Congresso, e o fim do voto obrigatório;
Dentro da variedade de temas ligados à corrupção, a
prisão de conselheiros do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE-RJ) acabou
sobrando para muito mais gente, em especial os servidores públicos do Estado. É
que o projeto de renegociação das dívidas dos estados teve sua votação adiada
para semana que vem. A decisão foi tomada em conjunto pelo relator do projeto,
Pedro Paulo (PMDB-RJ), pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia
(DEM-RJ), e o líder do Governo, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB). Eles alegam que não
há clima no momento a matéria ser apreciada. E eles estão certos. Como o
Governo Federal irá oferecer ajuda financeira a um Estado cujo TCE não pode se
reunir para opinar sobre a utilização dos recursos, se dos sete conselheiros
cinco estão atrás das grades e um deles está de licença médica? Não há quórum para
a reunião, e o preenchimento das vagas depende de apreciação e voto da
Assembleia Legislativa, cujo presidente está envolvido nas falcatruas reveladas
pela Operação “O Quinto de Ouro”. Está difícil a vida dos fluminenses.
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