Em seu
discurso na solenidade de reabertura dos trabalhos do Supremo Tribunal Federal
(STF), a presidente da Corte, ministra Cármem Lúcia, foi bastante dura com os
políticos que tentam atrapalhar os trabalhos do tribunal, em especial os
enrolados na Operação Lava-Jato. Sem citar nomes, Cármem Lúcia deu um recado
que é foi quase direto ao ex-presidente Lula e aos senadores Gleisi Hoffman
(PT-PR), presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, e Lindbergh Farias
(PT-RJ), que fizeram declarações de contestação e rebeldia contra o juiz Sérgio
Moro, os desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) por
causa das sentenças que condenaram Lula no caso do apartamento tríplex em
Guarujá. A presidente do STF disse: “Pode-se ser favorável ou
desfavorável a decisão judicial pela qual se aplica o Direito. Pode-se buscar
reformar a decisão judicial pelos meios legais e pelos juízos competentes. O
que é inadmissível e inaceitável é desacatar a Justiça, agravá-la ou agredi-la”.
Como o recado da ministra não era exclusivo para os petistas, também deve ter
servido para três autoridades que formavam a mesa ao lado dela: o presidente da
República, Michel Temer (PMDB); o presidente do Senador Federal, Eunício
Oliveira PMDB-CE), e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia
(DEM-RJ), todos eles sendo investigados na Operação Lava-Jato. Cármem Lúcia
ainda tinha mais recado para dar. “A nós, servidores
públicos, o acatamento irrestrito à lei impõe-se como dever acima de qualquer
outro. Constitui mau exemplo o descumprimento da lei, e o mau exemplo contamina
e compromete. A civilização constrói-se com respeito às pessoas que pensam
igual ou diferente. Civilização constrói-se com respeito às leis vigentes que
asseguram a liberdade e a igualdade”. Para deixar os políticos com a
cabeça a mil, principalmente os petistas rebeldes, a procuradora-geral da
República, Raquel Dodge, em seu discurso na mesma solenidade defendeu a prisão
depois de condenação em segunda instância, como ocorreu com Lula no julgamento
do TRF-4 no último dia 24. A preocupação aumenta com a repetida declaração da
presidente do STF de que não colocará em pauta a discussão pelo plenário da
Corte sobre a mudança da regra conforme alguns ministros passaram a cogitar.
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