A Lei
Complementar nº 135/2010, a Lei da Ficha Limpa está completando um ano, e como
uma criança ainda não está andando. É uma pena, pois além de ela existir por
força de projeto de lei de iniciativa popular, com mais de 1 milhão e 300 mil
assinaturas, muitos milhões de brasileiros deram total apoio ao projeto, em
razão do fato da lei servir como primeiro passado para afastar da vida política
brasileira os que nela estão ou que na mesma pretendam entrar, mas que possuam
'ficha suja' e que nunca deveriam ser eleitos como representantes do povo, em
sua grande maioria possuidores de 'ficha limpa'. Numa decisão quase empatada
(11 votos contra 10), o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu ao a Lei da
Ficha Limpa não tinha validade nas eleições do ano passado, apegando-se a
detalhes técnicos que dividiram as opiniões do ministros do Supremo;
Como resultados
da indecisão do STF continuam ou voltaram à vida pública personagens que há
muito deveriam estar em casa, isso quando escapassem da cadeia, como sempre
ocorre. Para agravar, o sistema eleitoral vigente permite, por exemplo, que a
votação de um deputado Tiririca "eleja' com suas sobras um Costa Neto que
teve de ser levado ao Conselho de Ética (?) da Câmara dos Deputados, que o
absolver numa clara demonstração de corporativismo. Se a Lei da Ficha Limpa
tivesse prevalecido no ano passado, o manda-chuva do PR nem sequer concorreria.
E ainda há dúvidas quanto á vigência daquele instrumento legal nas eleições do
ano que vem, pois o Supremo ainda vai se pronunciar numa ação que contesta a constitucionalidade
daquela lei;
O novo ministro
do STF Luiz Fux, que deu o voto de desempate contra a vigência da lei no ano
passado, afirmou, ao votar, que "nem o melhor
dos direitos pode ser aplicado contra a Constituição”. Ele
se apegou ao Art. 16 da nossa Carta Magna, que estabelece o prazo de um ano
para que uma lei altere o sistema eleitoral no Brasil. Já os dez que
concordavam com a vigência imediata da lei tinham como argumento que a mesma
não mudava em nada as regras da eleição, mas sim estabelecia condições para que
um candidato nela pudesse participar. E é isso o que na ótica de uma grande
maioria ocorre. O sistema eleitoral é mantido intacto;
Falta em alguns
ministros do Supremo sensibilidade para entender que a atual legislação abre
grandes brechas para a corrupção, pois aqueles que a praticam não são em nada
impedidos de tentarem, e conseguirem, ser eleitos para os cargos que lhes dão
oportunidade para 'meterem a mão' no dinheiro público. A maioria da opinião
pública espera, então, que o STF não provoque mais um adiamento, pois se assim
o fizerem passarão a ser suspeitos de uma inexplicável conivência com a parte
podre da política nacional.
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