Com o título acima, o jornalista Ricardo
Noblat publica artigo do jornalista Sandro Vaia, que é bastante oportuno em vista da constante
movimentação de membros do PT que querem a todo custo estabelecer o que chama
de 'controle social da mídia', algo que não tem sido muito interessante para a
democracia quando estabelecido por alguns presidentes 'bolivarianos',
coincidentemente aliados, alguns deles até idolatrados pelos petistas. A
seguir, o artigo de Sandro Vaia, que foi repórter, redator e editor do 'Jornal
da Tarde', diretor de Redação da revista 'Afinal', diretor de Informação da
'Agência Estado' e diretor de Redação de 'O Estado de S.Paulo'. É autor do
livro 'A Ilha Roubada' (editora Barcarolla) sobre a blogueira cubana Yoani
Sanchez:
A “imprensa golpista” existe para
desmoralizar o governo popular e democrático que o PT instalou no Brasil a
partir de 2003 e para esconder as falcatruas dos governos neoliberais que o
antecederam.
A imprensa é intrinsecamente má,
não é imparcial e isenta, e precisa de “controle social” para aprender a se
comportar.
A lenda urbana da imprensa golpista
se tornou um tema recorrente nas redes sociais e até mesmo nas discussões
aparentemente “técnicas” e acadêmicas de blogs e sites que deveriam ser
dedicados a debates sobre a ontologia do jornalismo e se tornaram terreiros de
panfletagem ideológica de terceira linha.
Essa imprensa é golpista por causa
de sua parcialidade na publicação de denúncias de casos de corrupção que
atingem o governo do PT e seus aliados.
Antes, não era assim. Antes, a
imprensa era boa, participativa, democrática e comprometida com o bem. Mais do
que isso: era um instrumento indispensável da luta democrática da sociedade.
Se não vejamos. A imprensa, que
hoje é golpista e um elemento de dominação de classe, era boa:
1) Quando publicava denúncias sobre
o esquema PC Farias durante o governo Collor.
2) Quando publicou o depoimento de
Pedro Collor denunciando o esquema de enriquecimento ilícito do irmão
presidente e depois quando publicou a notícia da compra da Fiat Elba com esse
dinheiro e acabou com o que restava do governo Collor.
3) Quando o então deputado José Dirceu
frequentava as redações e distribuía aos jornalistas amigos dossiês contra
membros do governo, que então, como todos sabem, era inimigo do povo.
4) Quando era usada pelos
promotores Luiz Francisco de Souza e Guilherme Schelb para apresentar torrentes
de denúncias não documentadas e jamais comprovadas contra ministros,
parlamentares e outros membros do governo de Fernando Henrique.
5) Quando denunciava suposto
tráfico de influência do secretário geral da presidência do governo FHC,
Eduardo Jorge Caldas (que comprovou a sua inocência na Justiça).
6) Quando chamava de escândalo o
PROER, programa de reestruturação e saneamento do sistema bancário brasileiro,
cuja eficiência e oportunidade veio a ser reconhecida indiretamente pelo
presidente Lula, anos mais tarde, ao gabar-se da solidez do sistema bancário
brasileiro durante a crise do sistema bancário internacional.
7) Quando publicava páginas e mais
páginas reproduzindo grampos ilegais da conversa entre o então ministro das
comunicações Luiz Carlos Mendonça de Barros e dirigentes do BNDES sobre
supostos arranjos para favorecer candidatos no processo de privatização das
telecomunicações, mais tarde reconhecidos pela Justiça como destinados a obter
resultados mais favoráveis ao erário público.
8) Quando publicava notícias sobre
compra de votos para aprovação da emenda da reeleição de Fernando Henrique
Cardoso para a presidência da República, sobre escândalos do Sivam, rombo na
Sudene, desvios no Fundef, etc. etc. etc.
Esses são apenas alguns exemplos de
quando a imprensa era boa e não era golpista. Todas as denúncias, verdadeiras
ou não, eram publicadas com a mesma fluência com que são publicadas agora.
Naquele tempo, a imprensa era boa, republicana e imparcial. Hoje é ruim,
golpista e um instrumento de classe.
Mudou a imprensa ou mudaram os
corruptos?
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